O mandatário da candidatura do Chega à Câmara de Vendas Novas detido, quinta-feira, pela GNR, após ter sido visto a pôr fogo numa berma, junto à Estrada Municipal 530 (EM530), no concelho de Montemor-o-Novo, chegou a defender publicamente medidas mais enérgicas para apoiar os bombeiros no combate aos incêndios florestais, incluindo a intervenção do Exército.
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"Desculpem lá, mas não seria altura para colocar o Exército a ajudar os bombeiros, face ao atual estado do país no que diz respeito aos incêndios!!! Digo eu....", escreveu Marco Silva, de 43 anos, na rede social Facebook, a 31 de julho.
Em publicações anteriores, o suspeito - que chegou a ser cabeça de lista do partido de André Ventura à Câmara de Vendas Novas, sem ser eleito, e coordenador daquela concelhia - também já havia criticado o Governo pela forma como geria o combate aos fogos.
"Os incêndios voltaram a destruir uma grande parte da floresta nacional, colocando os cidadãos em risco e o Chega quer saber o que falhou no Governo, na prevenção e no combate às chamas", afirmou, em setembro de 2022.
Marco Silva, que esta sexta-feira continua a ser ouvido em primeiro interrogatório judicial para aplicação de medidas de coação, chegou até a criticar o então comentador político, agora candidato presidencial, Luís Marques Mendes, por comparar os bombeiros portugueses a "delinquentes ou vândalos": "Na minha opinião isso é uma ofensa a quem dá a vida por vida", referiu.
Isqueiro, frasco de álcool etílico e jornais antigos
Desde domingo passado que os militares da Guarda estavam a fazer diligências após o surgimento de focos de incêndio à noite, durante vários dias, próximos da localidade de Cortiçadas de Lavre.
Esta quinta-feira de madrugada, junto à EM530, o suspeito foi surpreendido pelos militares. Na sua posse, confirmou esta sexta-feira o Comando Territorial de Évora da GNR, o suspeito tinha um isqueiro, um frasco de álcool etílico e diversos jornais antigos que, alegadamente, estaria a utilizar para provocar a ignição.
Substituição difícil
A informação de que o detido era o mandatário do Chega à Câmara de Vendas Novas foi confirmada ontem pelo candidato àquela autarquia, Jorge Alcobia Pereira, que, à Lusa, adiantou que, "oficialmente", Marco Silva ainda era o mandatário "porque legalmente não é fácil estar a substituí-lo", após a entrega das listas em tribunal.
Contudo, acrescentou o candidato, o mandatário, que pretenderia sair do partido, "já não está a exercer o cargo" porque "quis sair há algum tempo", justificou Alcobia Pereira, acrescentando que este "não pertencia às listas" e que já nem tem contacto com ele.