Dizem que não é uma “provocação” e que estão ali porque houve “mais uma morte às mãos da Polícia”. Duas centenas de pessoas concentraram-se, este sábado, em frente à sede do Comando da PSP do Porto, em protesto contra a violência policial e em homenagem a Odair Moniz, o homem morto a tiro por um polícia na Amadora.
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No Largo 1.º de Dezembro, no Porto, os manifestantes garantiram não estar a fazer “nenhum julgamento popular”, mas notaram que, “infelizmente, já são muitos incidentes desta natureza”.
“E nem precisamos de ver as circunstâncias deste caso esclarecidas para saber que a violência policial existe e que afeta pessoas racializadas”, disse, ao JN, no local, a dirigente da associação SOS Racismo, Joana Cabral, criticando aquilo que diz ser o “silêncio” e a “negação” da PSP, do Estado e da classe política.
Joana Cabral deixou claro que os manifestantes não estão contra as forças de segurança, mas sim em desacordo com “os procedimentos institucionais da instituição” que vitimam certas comunidades.
“Violência policial é herança colonial”, “vidas negras importam” ou “justiça para Odair Moniz” foram alguns dos cânticos entoados na praça retangular, sob o olhar atento de quase duas dezenas de agentes, uns escalados para acautelar que a ação de protesto decorresse com tranquilidade, outros alertados pelos gritos vindos do exterior.
“Somos constantemente maltratados por deputados da Assembleia da República, com discursos de ódio e de discriminação”, lamentou, ao JN, visivelmente exaltada, uma das manifestantes. “Polícias servem para nos proteger, não para nos matar”, disse Maribelle Brito, ladeada por uma tarja onde se podia ler: “O Estado racista mata. Odair Moniz presente”.