Homicida, de 17 anos, costumava pedir-lhes dinheiro e a viatura. Discussões eram frequentes. Mutilou os corpos, limpou sala com lixívia e fugiu.
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Uma discussão sobre a utilização de um carro levou António Lourenço, de 17 anos, a assassinar brutalmente os avós por afinidade, em Vila Nova de Santo André, Santiago do Cacém. Matou-os, mutilou-os e escondeu os corpos, mas antes fotografou-os. Depois, fugiu no carro, um Renault Clio.
No dia 1 de junho passado, de manhã, o jovem, que é filho de uma mulher que vivia com um filho adotivo das vítimas, dirigiu-se à casa destas. Queria pedir-lhes para usar o carro e dinheiro, como fazia frequentemente. Perante a nega, assassinou-os cruelmente à facada.
De acordo com a acusação do Ministério Público, a primeira vítima foi Eduarda Fernandes, 83 anos. O marido ainda não estava em casa. O jovem pediu para utilizar o carro, mas Eduarda negou. Revoltado, agrediu-a a soco e dirigiu-se à cozinha da habitação para ir buscar uma faca, com a qual a assassinou com dois golpes nas costas e um no peito. Com a idosa no chão, degolou-a e mutilou-a.
Guilherme Santos, 74 anos, chegou a casa e deparou-se com a mulher no chão. Foi em seu socorro e, quando a segurava ao colo, acreditando que ainda poderia estar viva, foi atingido por António Lourenço com três golpes no peito. À semelhança do que fez a Eduarda, o homicida também o degolou e mutilou, deixando a faca cravada numa perna.
Vestiu roupa da vítima
Com um tremendo sangue frio, Lourenço enrolou os cadáveres em mantas e arrastou-os para um anexo da habitação, onde os colocou um em cima do outro. Tirou fotografias com o telemóvel, limpou a sala da habitação com lixívia e escondeu a arma do crime e a sua roupa ensanguentada numa caixa, no quarto das vítimas. Depois, tomou banho, vestiu roupas de Guilherme e saiu de casa para comprar cigarros. Mais tarde voltou, comeu e ficou a ver televisão até perto das 21 horas, altura em que saiu de casa no Renault Clio para ir encontrar-se com dois amigos em Sines.
O alerta foi dado à noite por uma neta das vítimas que se dirigiu à casa porque os avós não atendiam o telefone. À GNR, a mulher identificou como suspeito Lourenço Fernandes, visto que havia um histórico de discussões por causa do carro e este não se encontrava no local.Conhecido da GNR
Os militares já conheciam o jovem por atividades ilícitas e sabiam que costumava pernoitar num hotel abandonado, em Vila Nova de Santo André. Foram ao local e encontraram-no na companhia dos dois amigos. Um deles tinha uma camisola com sangue e foram os três tidos como suspeitos de envolvimento no homicídio. Os dois amigos, um rapaz e uma rapariga, foram ilibados mais tarde, visto que o sangue resultava de ferimentos num acidente de viação em que os três estiveram envolvidos. O homicida despistou-se com o carro roubado numa estrada municipal, entre Sines e Santiago do Cacém, com os amigos no interior. A viatura foi abandonada.
Lourenço Fernandes confessou ter assassinado os parentes sem ajuda de ninguém e vai agora responder em tribunal por dois homicídios qualificados, profanação de cadáver e furto. O MP considera que o arguido, "ao desferir golpes depois da morte das vítimas, quis desfigurar os cadáveres dessa forma violando o respeito devido aos mortos".