Ministério Público pede pena máxima para jovem que matou avós por causa de carro
O Ministério Público pediu a pena máxima ao jovem de 17 anos que esfaqueou, mutilou e tirou fotos dos avós idosos por estes o proibirem de conduzir o seu carro. O julgamento chegou esta quarta-feira ao fim no Tribunal de Setúbal, onde Lourenço Fernandes está a ser julgado por dois crimes de homicídio qualificado, profanação de cadáver e furto.
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O crime ocorreu no dia 1 de junho de 2020 em Vila Nova de Santo André, Santiago do Cacém. A primeira vítima foi Eduarda Fernandes, 83 anos, avó do homicida.
O marido da vítima saiu de casa a seu pedido quando o jovem chegou na manhã do homicídio. O jovem pediu para utilizar o carro, mas Eduarda negou. Revoltado, agrediu a idosa a soco e dirigiu-se à cozinha da habitação para retirar uma faca, com a qual assassinou brutalmente a vítima com dois golpes nas costas e um no peito. Com a idosa no chão, degolou-a e já com a vítima sem vida, tentou tirar um olho com a faca.
O marido da vítima, Guilherme Santos, 74 anos, chegou a casa e deparou-se com a mulher no chão. Foi em seu socorro e quando estava com a mulher ao colo, acreditando que ainda estaria viva, foi esfaqueado à traição por Lourenço Fernandes com três golpes no peito. À semelhança do que fez a Eduarda, o assassino degolou o homem e mutilou-o, não retirando o olho, mas cravando a faca na perna deste.
Cometido o duplo homicídio, Lourenço enrolou os corpos em mantas e arrastou-os para um anexo da habitação, onde os colocou um em cima do outro e tirou fotografias com o telemóvel. Depois limpou a sala da habitação com lixívia e escondeu as armas do crime e a sua roupa ensanguentada numa caixa no quarto das vítimas.
O homicida tomou banho, vestiu as roupas do falecido e saiu de casa para comprar tabaco. Mais tarde voltou, comeu e ficou a ver televisão até perto das 21 horas, quando saiu de casa no carro das vítimas para ir ao encontro de dois amigos em Sines.
Lourenço Fernandes despistou-se com o carro dos avós numa estrada municipal entre Sines e Santiago do Cacém com dois amigos no interior. A viatura foi nessa altura abandonada. O alerta foi dado à noite por uma neta das vítimas que se dirigiu à casa onde ocorreu o homicídio, porque os avós não atendiam o telefone.
À GNR, a mulher identificou como potencial suspeito Lourenço Fernandes, visto que havia um histórico de discussões por causa do carro que não se encontrava no local. Os militares encontraram-no num hotel abandonado em Vila Nova de Santo André na companhia dos dois amigos. Um deles tinha uma camisola com sangue e foram os três tidos inicialmente por suspeitas de envolvimento no homicídio.
Os dois amigos foram ilibados mais tarde, visto que o sangue na camisola era devido ao acidente de viação em que os três estiveram envolvidos.
O MP considera que o arguido, "ao desferir golpes depois da morte das vítimas, quis desfigurar os cadáveres dessa forma violando o respeito devido aos mortos".