O Tribunal do Seixal condenou uma mulher por ter ajudado e instigado o marido, Miguel Abreu, de 43 anos, a fugir e disparar uma pistola contra dois militares que tentavam detê-lo por roubos. Abreu foi abatido momentos depois, no parque de estacionamento de um supermercado do Seixal, em dezembro de 2020.
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Lisete Cabeça, a arguida, foi condenada por crime de resistência e coação, numa pena de prisão de dois anos e dois meses, suspensa na sua execução.
O caso ocorreu a 22 de dezembro no Intermarché de Fernão Ferro e, nos dias seguintes, foi seguido de ameaças de morte a militares da GNR, que, na Margem Sul do Tejo, passaram a usar coletes à prova de bala durante o serviço, nas patrulhas ou em qualquer ocorrência a que fossem chamados.
Miguel Abreu - pai de Clóvis Abreu, que foi detido em setembro, no caso das agressões que mataram um polícia à porta de uma discoteca de Lisboa - morreu pouco depois, numa troca de tiros com os militares, era procurado para cumprimento de pena por roubo, em Setúbal, e suspeito de novos roubos em Coruche.
Militar perdeu parte do intestino
Militares da GNR abordaram-no dentro do Intermarché e, quando o algemavam, pelo pulso esquerdo, a sua mulher, Lisete Cabeça, começou a gritar e a dizer “mata-os e foge”.
Miguel Abreu esbracejou e empurrou os militares, até que conseguiu apoderar-se da pistola Glock que um militar tinha consigo. Com a arma em sua posse, começou a disparar contra os militares. Um caiu e o segundo tentou imobilizar o suspeito.
Instalou-se a confusão dentro do Intermarché e foi a esposa de Miguel Abreu que conseguiu que o marido fugisse. Um militar tentava agarrar Miguel Abreu por trás, mas foi afastado pela arguida. Nesse momento, Miguel Abreu atingiu o militar que o agarrava no abdómen, entre o colete balístico e o cinturão, e fugiu.
Quando o segundo militar que estava no chão se tentou levantar, foi impedido por Lisete Cabeça, que agarrou na sua pistola e o empurrou. O militar acabou por se levantar, quando o outro militar empurrou Lisete, e perseguiu Miguel Abreu pelo parque de estacionamento.
Aqui, houve uma nova troca de tiros, entre o militar e Miguel Abreu. Este ainda atingiu o guarda de raspão numa perna, mas levou um tiro certeiro, que o matou.
O militar ferido no abdómen foi submetido a cirurgia, tendo-lhe sido retirado parte do intestino. O outro foi atingido sem gravidade na perna.