O mistério em torno do desaparecimento de "Trico", líder do Gangue de Valbom - responsável por dezenas de assaltos violentos na Zona Norte, em 2006 - foi agora resolvido pela Polícia Judiciária do Porto.
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Fernando Borges, 38 anos, foi assassinado em julho de 2008 por Rui Amorim, triplo homicida recentemente condenado a 11 anos por tráfico de droga. Aproveitou uma saída precária de cinco dias, em 2018, para matar "Trico" e eliminar Eduardo Costa.
Eduardo era um cadastrado por homicídio que ajudou Amorim na tentativa de ocultar o assassinato de "Trico". Foi morto por ser a única testemunha que podia ligá-lo ao crime. Acertos de contas relativos ao tráfico de droga estarão na origem dos homicídios.
Foi na manhã de 1 de julho de 2018 que "Trico" saiu de casa para se apresentar na esquadra de Rio Tinto, Gondomar. Estava em liberdade condicional no âmbito da pena de 14 anos e meio a que tinha sido condenado, em 2010, no processo do gangue de Valbom. Mas acabara de ser detido num caso de tráfico que o obrigou a apresentações diárias na PSP.
Resgate de 115 mil euros
"Trico" ligou à mulher a avisar que não iria almoçar. Tinha de ir a Viana do Castelo para se encontrar com Amorim, com quem cumpriu pena na cadeia de Coimbra e onde Costa também tinha estado preso.
Mas nunca mais voltou a casa e a mulher alertou a PJ do Porto. Dias depois, a família recebia um misterioso telefonema anónimo, com um pedido de resgate de 115 mil euros, mas sem apresentar prova de vida.
Foi com estas parcas informações que a PJ começou a trabalhar e foi possível reunir prova para imputar a Amorim os dois homicídios.
Comprou arma
Numa precária de apenas cinco dias, comprou uma arma e matou "Trico" por causa de um alegado negócio de heroína. Desfez-se do cadáver. Não se sabe se Costa participou no homicídio de "Trico", mas a investigação estabeleceu ter sido ele a telefonar com exigência do resgate, para encobrir o crime já cometido. Fê-lo a pedido de Amorim, que pretendia incutir a ideia de que "Trico" estava vivo. Para apagar rasto, eliminou a única testemunha que poderia ligá-lo ao primeiro homicídio. Tal como o cadáver de "Trico", o corpo de Costa também nunca foi encontrado. Rui Amorim está a cumprir pena de prisão.
Pormenores
Carro com sangue
No dia seguinte ao homicídio, o carro de "Trico" foi encontrado em Vila do Conde, com sangue.
"Bruxo da Areosa"
A equipa da PJ que concluiu esta investigação é a mesma que prendeu o "Bruxo da Areosa" e os irmãos Bourbon, condenados a 25 anos por homicídio e ocultação de cadáver de um empresário.