Coordenador do Centro de Saúde de Foz Côa fez-se passar por utente do SNS para enviar acusações de baixa fraudulenta à ministra da Saúde, ARS do Centro e Hospital da Guarda.
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A coberto do anonimato, o médico coordenador do Centro de Saúde de Vila Nova de Foz Côa escreveu duas cartas, fazendo-se passar por um utente, a acusar um colega subordinado de usufruir de baixas fraudulentas, ao mesmo tempo que era visto na apanha da azeitona ou a trabalhar numa padaria, de que é proprietário. Os escritos foram enviados para a então ministra da Saúde, Marta Temido, e aos órgãos locais de gestão. Mas o coordenador acabou por ser apanhado, quando foram descobertos os rascunhos manuscritos pelo próprio, antes de enviar as denúncias anónimas. O médico, Fernando Girão, foi condenado, este mês, a uma pena de multa de 3600 euros por dois crimes de difamação agravada. Também foi sentenciado a pagar uma indemnização de mil euros ao colega António Sotero Ferreira.
De acordo com a sentença, foi no dia 2 de janeiro de 2020 que o coordenador enviou a primeira carta ao Conselho de Administração da Unidade Local de Saúde da Guarda, à então ministra, ao presidente da Administração Regional de Saúde do Centro e ao diretor do Centro de Saúde de Foz Côa. Começava assim: "Sou utente do SNS, residente no concelho de Foz Côa e, porque não ficava bem com a minha consciência, exponho a V. Exa. o seguinte". Alegava que, após a aposentação de uma médica, havia uma vaga para preencher no centro de saúde da cidade. "Parece ter vindo o dr. Fernando Girão, ficando o dr. Sotero a fazer serviço nos postos de Sequeira e de Freixo do Numão", continuando: "Acontece que o dr. Sotero "adoeceu" e meteu atestado médico, talvez por revolta por ter que sair da cidade".