O Ministério Público, que acusou César Boaventura de tentar comprar jogadores de futebol para prejudicarem as suas equipas a favor do Benfica, passou as contas bancárias do empresário a pente fino e detetou depósitos milionários, apesar de ter declarado ao Fisco apenas 54 mil euros de rendimentos lícitos em cinco anos. As autoridades reclamam-lhe 1,6 milhões de euros como perda de vantagem ampliada.
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Entre 2017 e 2021, passaram cerca de 1,2 milhões de euros pelas contas tituladas por Boaventura. Mas, até 31 de dezembro de 2021, o empresário de futebol apenas declarou rendimentos lícitos de 54 mil euros. Para o MP, a diferença de 1,17 milhões de euros constitui uma vantagem da atividade criminosa e entende que esse montante tem de ser declarado perdido a favor do Estado.
Aos 1,17 milhões, as procuradoras do Departamento Central de Investigação e Ação Penal entendem que se deva somar 480 mil euros correspondentes aos valores ou recompensa que Boaventura prometeu aos atletas do Rio Ave e do Marítimo da Madeira. O total da perda de vantagem ascende assim a 1,6 milhões de euros.
As procuradoras Cristiana Mota e Ana Brandão acusaram o empresário de futebol de quatro crimes de corrupção. Boaventura terá tentado comprar três jogadores do Rio Ave e outro do Marítimo na época 2015/2016, oferecendo-lhes luvas até 100 mil euros ou um contrato com salário de 300 mil euros anuais, para "facilitarem" em jogos frente ao Benfica.
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O caso remonta a abril e maio de 2016. Disputavam-se as últimas jornadas e o Benfica liderava a tabela classificativa com dois pontos de vantagem em relação ao Sporting. A acusação, a que o JN teve acesso, garante que Boaventura tentou corromper Marcelo Ferreira, Cássio Anjos e Lionn Barbosa Lucena, que eram atletas do Rio Ave, e ainda Romain Jules Salim, do Marítimo.