O empresário César Boaventura branqueava dinheiro que não declarava ao Fisco com apostas online, mas através das 14 entidades exploradoras de jogo onde tinha conta, o arguido da Operação Malapata também terá perdido mais de 740 mil euros em apenas quatro anos. O Ministério Público (MP) do Porto, que acusou-o de burla qualificada, falsificação de documento, fraude fiscal e lavagem de dinheiro, reclama-lhe 1,2 milhões de euros.
Corpo do artigo
De acordo com a acusação, Boaventura, insolvente desde 2014, movimentava muito dinheiro através de contas de amigos, mas também em entidades bancárias estrangeiras. Quando foi detido, estava na posse de 23 cartões de crédito. Além dos milhões que serão provenientes das burlas a empresários, a quem o arguido fez acreditar que estavam a investir em negócios do futebol, Boaventura também prestava serviços de intermediação em transferências de atletas. Mas, segundo o MP, não declarava nenhum desses proveitos ao Fisco e usava casinos online para branquear centenas de milhares de euros.
"César Boaventura decidiu também canalizar o dinheiro proveniente da atividade ilícita para as várias contas jogador que titula junto de entidades exploradoras de jogos e apostas online", garante a acusação que descreve ao pormenor, os proveitos e perdas do arguido. A primeira conta foi aberta em janeiro de 2017 e a última em maio de 2022, quando já estava em prisão domiciliária.
Na plataforma "Betano" por exemplo fez dois depósitos que totalizam 597 mil euros e levantou 415 mil. No total dos 14 casinos online, Boaventura depositou 1,2 milhões e levantou pouco mais de 500 mil. Perdeu assim cerca de 740 mil euros, mas o MP garante que muitos dos depósitos apenas serviram para branquear a origem ilícita do dinheiro.
Um dos rendimentos que Boaventura não declarou prende-se com a intermediação no empréstimo do jogador Lisandro Lopez, do Benfica para o Inter de Milão. O serviços do empresário não constam do contrato de empréstimo, mas o Inter declarou à Federação Italiana que Boaventura tinha intermediado o negócio e transferiu-lhe 25 mil euros e, maio de 2018, para uma conta portuguesa.