Montenegro apresentou queixa por uso da sua imagem e voz para vender produto financeiro
O primeiro-ministro, Luís Montenegro, revelou esta segunda-feira ao discursar no 79.º aniversário da Polícia Judiciária, em Lisboa, que, desde que assumiu funções, já apresentou "três ou quatro queixas" pelo uso, por terceiros, da sua voz e imagem, com recurso à Inteligência Artificial.
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Num desses casos, precisou o chefe de Governo, surgia a vender um produto financeiro. Luís Montenegro tomou posse como primeiro-ministro a 2 de abril deste ano, 2024, e, por isso, os casos aconteceram todos num intervalo de meio ano.
"Desde que sou primeiro-ministro, já apresentei umas três ou quatro queixas, porque, de repente enviavam-me, amigos, intervenções minhas que não eram minhas, mas era a minha cara que aparecia e era a minha voz", adiantou Luís Montenegro, acrescentando que chegou a duvidar se "sonhara" ou "dissera" algo de que se esquecera.
O primeiro-ministro falava a propósito do facto de o combate ao cibercrime ser uma das prioridades do Governo, a par da luta contra a corrupção e restante criminalidade económico-financeira e ao tráfico de seres humanos.
"A dimensão do desafio que hoje todos nós enfrentamos [...] é brutal. Adulterar a verdade com um impacto destes é uma coisa avalassadora. Já não estou a falar de todos os outros crimes possíveis no ciberespaço e que são muito de natureza patrimonial. Estes são mesmo de natureza identitária: é qualquer um de nós estar sujeito a ser responsabilizado por tudo e qualquer coisa que alguém se lembre de promover", frisou.
"Guerra cibernética"
O chefe de Governo lembrou, ainda, que "há uma guerra cibernáutica um pouco por toda a parte" e que Portugal tem, como outros Estados, sido atacado."O mundo está em guerra e a Europa está em guerra, não só na fronteira entre a Ucrânia e a Rússia, nem só na fronteira dos países do Médio Oriente. A guerra é uma guerra que é global no seu impacto e também é global porque ocorre muito no ciberespaço", sustentou.
Esta segunda-feira, Luís Montenegro inaugurou, no âmbito do 79.º aniversário da PJ e em conjunto com a ministra da Justiça, Rita Alarcão Júdice, o Laboratório Digital Forense da PJ, com tecnologia de ponta para decifrar dados informáticos.
"Temos ambições tecnológicas e de inovação: está em curso um processo de transformação digital em que a PJ faz o percurso de uma polícia analógica para uma polícia digital, incorporando Inteligência Artificial em todos os passos", resumiu o diretor nacional da instituição, Luís Neves.