O Ministério Público (MP) de Sintra ordenou, este mês, uma investigação sobre alegadas agressões de inspetores da Polícia Judiciária a Catarina Sanches, a arguida que terá atraído o rapper Mota JR para uma cilada mortal, na madrugada de 15 de março de 2020. O caso vai ser investigado pelo MP de Lisboa.
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Na origem o inquérito estão alegações finais do advogado da arguida, Miguel Matias, no julgamento da morte de Mota JR. O jurista disse que a cliente, quando detida, foi agredida por inspetores e assim condicionada no seu depoimento. Na altura, não houve queixa de Catarina, nem esta foi assistida no hospital.
Ao DIAP de Lisboa, chegaram fotos que Catarina Sanches tirou a marcas das alegadas agressões, bem como registos que o tribunal de Sintra terá sobre o caso e que constam do processo da morte de Mota JR.
O processo do homicídio de Mota JR, no Cacém, acabou com os arguidos João Luizo, Edi Barreiros e Fábio Martins condenados a 23 anos de prisão. Catarina Sanches apanhou quatro anos e meio, por ter atraído a vítima para a cilada
Os arguidos recorreram do acórdão condenatório para o Tribunal da Relação de Lisboa, alegando que as antenas telefónicas utilizadas como prova não os colocavam no local do crime, como o tribunal considerou, e por as declarações da principal testemunha, Vera Monteiro, a quem João Luízo confessou o crime, não ser credível. A testemunha namorou com Mota JR e era íntima de João Luízo na altura do crime.
O Ministério Público respondeu já ao recurso que está a ser analisado pelo Tribunal da Relação de Lisboa e considera que o testemunho de Vera Monteiro é credível e mostra-se corroborado por outros meios de prova, como a localização celular dos arguidos e o depoimento de outras testemunhas. Assim, pede a manutenção das penas aplicadas.