Uma mulher, com 43 anos, foi agredida duas vezes, entre fevereiro e abril, pelo companheiro. Em ambas as ocasiões, saiu de casa, situada na zona do Bonfim, no Porto, mas também acabou por retomar a relação amorosa. Ainda no último sábado, recusou o serviço de teleassistência proposto pelo Gabinete de Apoio e Informação à Vítima (GAIV) da PSP do Porto que a poderia ter salvado da agressão que sofreu três dias depois. Em frente aos vizinhos, foi esmurrada, pontapeada na cabeça e ameaçada de morte por um homem, com 36 anos, que ainda atacou os polícias que foram chamados ao local.
Corpo do artigo
Vítima e agressor conheceram-se há cerca de dois anos e rapidamente passaram a morar na mesma casa. Contudo, em fevereiro deste ano, a mulher denunciou à PSP uma primeira agressão. O caso passou, de imediato, a ser acompanhado pelo GAIV, projeto criado há dez anos no Porto para apoiar vítimas de violência doméstica e que, fruto dos bons resultados obtidos, tem vindo a ser replicado um pouco por todo o país.
A vítima regressaria a casa e, em abril, voltou a sofrer agressões e a comunicar o crime à PSP. Terminou, pela segunda vez, a relação e passou a beneficiar de um plano de segurança elaborado pelos agentes do GAIV. Recebeu, igualmente, auxílio da Associação Portuguesa de Apoio à Vítima.
Os polícias especializados em violência doméstica, desde sempre liderados pelo chefe principal Fernando Rodrigues, mantiveram contactos próximos com a vítima e foram reforçando as medidas de proteção. No passado sábado, a mulher foi chamada à esquadra para que a sua situação fosse reavaliada e passasse a beneficiar de teleassistência, equipamento eletrónico que permite às vítimas de violência doméstica alertar as autoridades, através de um botão de pânico, em situações urgentes.
Nessa altura, porém, informou que tinha reatado a relação e estava, novamente, a partilhar a habitação com o companheiro. Por esse motivo, recusou a teleassistência.
Agressor libertado
Já na madrugada da última terça-feira, a mulher foi agredida pela terceira vez. Os vizinhos do prédio localizado na rua Padre António Vieira acordaram com os gritos de socorro e ainda viram a mulher ser empurrada contra a parede e atacada a murro. Já no chão, a vítima foi pontapeada na cabeça pelo companheiro, que garantia que a matava.
Um dos vizinhos ainda tentou acabar com as agressões, mas também este foi ameaçado. O mesmo aconteceu com a patrulha chamada ao local que, mesmo assim, deteve o agressor. Este passou a noite na esquadra e, na quarta-feira, foi interrogado pelo juiz de instrução criminal. No final, foi libertado com a obrigatoriedade de usar uma pulseira eletrónica que o mantenha afastado da vítima.
Já a mulher foi transportada para o Hospital São João, no Porto, onde foi suturada e tratada aos vários ferimentos sofridos.