Uma mulher de 31 anos foi encontrada sem vida, num monte em Rio de Moinhos, concelho de Penafiel. Sandra Rocha estava nua e embrulhada num edredão, sem ferimentos visíveis no corpo, mas tudo indica que se terá tratado de um crime, até pelas circunstâncias em que foi encontrada.
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Ao que o JN apurou, Sandra Rocha estava desaparecida de casa há alguns dias, estando já a ser procurada pelo companheiro, de nacionalidade espanhola e dez anos mais velho, com quem mantinha uma relação de vários anos, iniciada quando a penafidelense emigrou para Espanha.
A mulher foi encontrada sem roupa nem identificação, enrolada num edredão, esta segunda-feira de manhã, por uma habitante de Rio de Moinhos que regressava a casa, por um carreiro, depois de levar o lixo ao contentor. Nesse percurso, quase a chegar à estrada, avistou o edredão e algum cabelo, apercebendo-se de que estava ali uma mulher.
A GNR foi alertada e deslocou-se ao local, antes de ser acionada a Polícia Judiciária, que agora investiga o caso.
Tudo indica que Sandra Rocha tenha morrido noutro local e tenha sido largada no monte, a poucos quilómetros de casa de vários familiares. O estado do corpo, ainda sem rigidez cadavérica, indicava que teria morrido poucas horas antes.
Violência causou aborto Sandra Rocha era natural de Rio de Moinhos, mas residia na freguesia penafidelense de Croca. Oriunda de uma família problemática, a mulher emigrou para Espanha, onde viveu vários anos e iniciou uma relação com um homem de nacionalidade espanhola.
Em Espanha, foi vítima de violência doméstica, às mãos do companheiro, que lhe fez perder um filho (ler caixa) e que denunciou. Apesar de tudo, regressaria a Penafiel com o indivíduo, para evitar que este cumprisse as medidas de coação aplicadas pela Justiça espanhola.
Já em Portugal, os episódios de violência doméstica repetiram-se e, em dezembro do ano passado, Sandra Rocha foi novamente agredida e ficou com várias costelas partidas.
Em outra circunstância, o companheiro arrastou-a pela rua para que regressasse a casa e fê-la tomar medicamentos em excesso para que não fugisse.
Depois de ter ficado com as costelas partidas e para evitar novas agressões, Sandra Rocha refugiou-se em casa de familiares, mas acabou por se ir embora, depois de apresentar uma queixa contra um deles, por alegada tentativa de violação, na véspera do último Natal.
O corpo de Sandra Rocha foi encontrado sem sinais de agressões visíveis, mas o passado de violência doméstica, assim como a queixa por tentativa de violação, encaminha a investigação da Polícia Judiciária para dois suspeitos, o companheiro e o familiar que foi denunciado em 24 de dezembro.
Nesta segunda-feira, vários habitantes de Rio de Moinhos concentraram-se no local onde foi encontrado o corpo de Sandra Rocha, em busca de informações.
Vítima de violência doméstica
Sandra Rocha vivia com o companheiro em Espanha e era vítima de violência doméstica. Perdeu mesmo um filho, na sequência de uma violenta agressão do companheiro. Mas perdoou-o e aceitou fugir com ele para Portugal, quando a Justiça espanhola proibiu os contactos entre ambos. Em Portugal, o comportamento do espanhol não se alterou e a mulher continuou a ser brutalmente agredida. Sandra Rocha chegou mesmo a ser arrastada pela rua, para ser obrigada a regressar a casa. O homem acabou detido pela GNR, em dezembro passado, ficando proibido de se aproximar ou frequentar a habitação da vítima, controlado por pulseira eletrónica. Contudo, tudo aponta para que a relação tenha sido entretanto reatada.