Traficantes de haxixe espanhóis associaram-se a cartéis sul-americanos dedicados à cocaína. Operação que contou com a PJ e GNR desmantelou rede.
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Lanchas rápidas lançadas da costa portuguesa eram o principal meio de transporte usado por organizações criminosas espanholas e sul-americanas, que se associaram para traficar haxixe e, simultaneamente, cocaína. Esta estrutura criminosa nunca antes vista foi agora desmantelada por uma operação coordenada pela Europol e que contou com a colaboração da Polícia Judiciária e da GNR. Quase duas toneladas de cocaína, outras 4,8 toneladas de haxixe e 50 traficantes detidos em Espanha foi o resultado de uma investigação que se estendeu pelo último ano.
Tudo começou quando a Guardia Civil teve conhecimento que a maioria das narcolanchas que levavam droga para Espanha pertenciam a um grupo radicado em Huelva e no Campo de Gibraltar e com ligações a Portugal. Pouco a pouco, as diligências realizadas confirmaram que as embarcações eram lançadas da costa portuguesa e permitiram ainda, já no último verão, deter 19 pessoas e apreender duas lanchas "voadoras", oito motores de 350 cavalos, 3750 litros de gasolina e muito material de telecomunicações.
Nova realidade
A informação recolhida com estas detenções revelou uma realidade até agora desconhecida: organizações dedicadas ao tráfico de haxixe de Marrocos para a Península Ibérica tinham-se associado a cartéis sul-americanos, para que ambos pudessem diversificar o seu portfólio e otimizar a logística implementada. Ou seja, espanhóis e marroquinos começaram a transportar haxixe para a América do Sul e deste continente recebiam cocaína para fazerem chegar à Europa.
O tráfico era efetuado pela chamada "rota africana", através da qual a cocaína é descarregada na costa Oeste de África e daqui transportada para Portugal e Espanha, nas mesmas lanchas rápidas utilizadas para transportar haxixe de Marrocos para a Península Ibérica.
Casos
Cocaína abandonada
No início deste mês, foram encontrados 1600 quilos de cocaína escondidos numa mata e no interior de uma narcolancha, abandonada em Peniche.
Armazém encontrado
Na semana passada, a GNR apreendeu oito lanchas rápidas no interior de um armazém de Vila Nova de Cerveira, onde estavam três espanhóis.