Os casos não se resolvem ao ritmo de um episódio de uma série de televisão e com recurso a tecnologia de ponta que, em segundos, tudo revela. Mesmo assim, o NICAV dispõe de equipamentos que aceleram a investigação - que se prolonga, em média, por dois ou três meses - e a tornam mais científica.
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Exemplo disso é um programa informático que, após a inserção de dados recolhidos no local, cria uma imagem dinâmica tridimensional do acidente. Uma espécie de filme a três dimensões que permite visualizar como tudo sucedeu.
Este software é utilizado pela Equipa de Criminalística da Divisão de Investigação Criminal, radicada em Lisboa e responsável pela elaboração dos relatórios técnicos referentes aos acidentes. Documentos que são estruturados com base em fórmulas de física que, tal como o programa informático, determinam a dinâmica do acidente.
"Toda a técnica pericial é uma ajuda e um complemento ao trabalho desenvolvido desde o início da investigação. É importante recolher matéria factual relativa às causas dos acidentes, ao estado dos condutores e veículos e às condições do local para sustentar o relatório final. Este é uma súmula de todo o inquérito, que é apresentado às autoridades judiciárias", afirma o cabo Vítor Teixeira.
Guardas do Trânsito formados em cálculo dinâmico e física
Cálculo dinâmico e física. Estas são duas áreas científicas que os elementos do NICAV têm de conhecer, com algum grau de profundidade, para desenvolver a sua atividade com eficácia. Reconstituição de acidentes e especificidades das vias de circulação são outros temas que aqueles têm de dominar com especial competência.
Os militares que integram o NICAV são, maioritariamente, recrutados no Destacamento de Trânsito da GNR, para que seja aproveitada a experiência relacionada com a circulação de viaturas que estes foram adquirindo ao longo do tempo de serviço. Frequentam, posteriormente, um curso de investigadores criminais que se estende por vários meses e, depois, frequentam uma especialização intensiva em crimes rodoviários, que tem a duração de mês e meio.
No final, os militares estão transformados em técnicos altamente especializados que, segundo o cabo Vítor Teixeira, fazem do acrónimo NICAV uma palavra demasiado redutora para as funções que desempenham. "Os nossos relatórios são importantes para sustentar acusações em processos-crime e somos muitas vezes chamados como peritos a tribunais cíveis, que definem indemnizações de milhares de euros", justifica o investigador.
Viaturas viciadas
O NICAV não se cinge a trabalhar em acidentes de viação. Das suas funções também faz parte a realização de inquéritos a viaturas viciadas, nomeadamente tacógrafos usados em pesados, a carros com chassis alterados e a casos de condução sob efeito de álcool e/ou drogas.
Simulação de roubo
Acidentes que envolvam viaturas de transporte de matérias perigosas ou crianças, choques em cadeia e feridos leves, desde que seja apresentada queixa, são, igualmente, da responsabilidade destes militares. Os mesmos que se debruçam sobre casos de falsas declarações e simulação de roubo de viaturas.