MP acusou 37 elementos dos "Casuals", um subgrupo violento de adeptos que apedrejou o autocarro do Benfica.
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Uma tentativa de homicídio, agressões a adeptos rivais, uma emboscada a jogadores de futsal do Sporting, danos no Estádio da Luz e até o apedrejamento ao autocarro do Benfica que feriu os atletas Zivkovic e Weigl. Estes são apenas alguns dos 261 crimes que o Ministério Público (MP) imputa a 37 indivíduos ligados aos "Casuals", um subgrupo violento da claque No Name Boys, que combinaram alguns ataques por mensagens encriptadas, através da aplicação Telegram. Cinco dos arguidos estão em prisão domiciliária e um está em preventiva.
O núcleo duro do grupo, composto por sete indivíduos, foi desmantelado pela PSP no final de junho. Na altura, foram apreendidos os telemóveis dos arguidos e num dos aparelhos as autoridades encontraram dezenas de mensagens da aplicação Telegram, que é "imune" a interceções telefónica. Mas como o dono não apagou as mensagens, a PSP conseguiu saber quando e como quatro elementos do grupo combinaram o ataque ao autocarro que transportava os jogadores do Benfica, na A2, na zona do Seixal, a 4 de junho, após um empate frente ao Tondela.
Ainda de acordo com a acusação do MP, horas depois, já de madrugada, desagradados com o empate caseiro que impediu o Benfica de ultrapassar o F. C. Porto na liderança do campeonato, os "Casuals" também cometeram vários atos de vandalismo. Deixaram grafítis ameaçadores nas casas dos jogadores Rafa Silva e Pizzi, para além de terem pichado a habitação do então treinador, Bruno Lage.
Dias antes, elementos do mesmo grupo, munidos de navalhas, bastões e martelos, fizeram uma espera a um adepto do Sporting, em S. João do Estoril, onde ele residia.
"Vais Morrer"
Ao mesmo tempo que lhe gritavam: "Vais morrer, filho da puta. Benfica! No Name. No Name", os arguidos deram-lhe pancadas com martelos, pontapés e um deles desferiu-lhe três facadas que perfuraram o pulmão, um braço e uma perna da vítima. Ainda lhe partiram um dedo. As agressões só pararam porque passou pelo local um agente da PSP que estava de folga.
Outro caso descrito na acusação aconteceu a 9 de junho de 2019, junto do Pavilhão João Rocha. Elementos dos "Casuals", fizeram uma emboscada a Fernando Cardinal, jogador de futsal do Sporting e assumido adepto do F. C. Porto. Após um jogo entre os dois rivais de Lisboa, um grupo deslocou-se ao pavilhão leonino e quando Cardinal e outros três jogadores saíram do pavilhão, insultaram-nos e ameaçaram-nos de morte. Os atletas refugiaram-se no multidesportivo e foi também a chegada de um agente da PSP que evitou o pior.