Nomeação de Manuel Pinho para o BES África foi contrapartida por benefícios
Ex-ministro foi condenado, na quinta-feira, a 10 anos de prisão por ter sido corrompido pelo ex-banqueiro Ricardo Salgado, igualmente punido com prisão. Tribunal especificou "luvas" recebidas para beneficiar BES/GES.
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O Tribunal Central Criminal de Lisboa concluiu, na quinta-feira, que a nomeação em 2010 de Manuel Pinho para o administrador do Banco Espírito Santo África, com uma remuneração mensal de 42 mil euros, inseriu-se no “pacto corruptivo” celebrado entre o ex-banqueiro Ricardo Salgado e o antigo ministro para que este beneficiasse, no exercício de funções públicas, o Banco Espírito Santo (BES) e o Grupo Espírito Santo (GES).
No total, Manuel Pinho, 69 anos e agora condenado a 10 anos de prisão, terá recebido 4,9 milhões de euros para atuar em detrimento do interesse público enquanto tutelou a Economia no primeiro Governo de José Sócrates, de 2005 a 2009, e liderou, nos meses seguintes, a candidatura de Portugal à organização da Ryder Cup , um evento de golfe. Ricardo Salgado, de 79 anos, foi punido com seis anos e três meses de cadeia.
O montante global, recebido com recurso a offshores, inclui, além do salário auferido no BES África entre maio de 2010 e novembro de 2014, uma transferência de meio milhão de euros em maio de 2005, uma mensalidade de 14 963,94 euros entre março de 2005 e dezembro de 2012, uma transferência de 180 mil euros em 2013 e outra do mesmo valor em 2014.