“Orelhas” condenado a 18 anos e filho a 20 por morte na festa do título do F. C. Porto
"Execrável e hediondo". Foi assim que a presidente do coletivo de juízes, Isabel Teixeira, classificou hoje o homicídio de Igor Silva, junto ao Estádio do Dragão, durante os festejos do título do F. C. Porto, em maio de 2022.
Corpo do artigo
As penas mais pesadas foram para Marco Gonçalves, conhecido como "Orelhas", que foi condenado a 18 anos, para o filho deste, Renato Gonçalves, condenado a 20 anos, e para Paulo Cardoso "Chanfra", cunhado e tio daqueles, que também apanhou 18 anos.
Os três terão ainda de pagar uma indemnização de 165 mil euros à mãe da vítima mortal, Igor Silva, que, à data do crime, tinha 26 anos. Outros quatro arguidos que estavam igualmente acusados do crime de homicídio - Diogo Meireles "Xió", Rui Costa, Sérgio Machado e Miguel Pereira - foram absolvidos. A mulher de Marco Gonçalves, Marisa, a filha, Iara, e uma amiga da família, Cassandra, foram condenadas a penas suspensas, por crimes de ofensas corporais.
Durante a leitura do acórdão, que decorreu no Tribunal de São João Novo, sob apertadas medidas de segurança, a juíza-presidente afirmou que os arguidos agiram em "conjugação de esforços", perseguindo, manietando e desferindo sucessivos golpes em Igor Silva, impedindo a sua fuga. "Não souberam refrear os seus impulsos, agindo por vingança e numa escalada de violência movida por desavenças familiares", afirmou Isabel Teixeira.
A título de exemplo, a magistrada recordou que Renato Gonçalves assumiu apenas uma única facada (Igor Silva levou 18). "Os arguidos dizem que não fizeram nada disto. O Renato é o único que assume uma facada, mas as restantes, o que é facto, estavam lá", afirmou.
A magistrada frisou que, além dos depoimentos das testemunhas que estavam no Estádio do Dragão naquela noite, foram fundamentais as imagens de videovigilância para apurar o que se passou.
Iara, Cassandra e Renato "eram jovens adultos" à data do crime e, em teoria, poderiam beneficiar do regime especial para jovens, que permite atenuar as penas. No entanto, no caso de Renato, "a comunidade não compreenderia" se aquele regime lhe fosse aplicado, entendeu o coletivo, aplicando aquele regime às duas jovens.
Mãe esperava 25 anos
Em reação à sentença, o advogado da família de Igor Silva disse que a presidente do coletivo foi "brilhante a esclarecer todos os presentes". Nelson Sousa contava, no entanto, com uma pena maior. "Eu não digo que esperava o máximo, mas não vou negar que fiquei um pouco desiludido", comentou. "A mãe do Igor entende que a justiça não foi feita, que esta seria a pena máxima".
Quanto à absolvição dos outros quatro arguidos que também tinham sido acusados de matar Igor Silva, o advogado afirmou que isso já era "expectável".
Os advogados dos arguidos saíram do tribunal sem comentar o acórdão.