Paulo Amâncio, que era o namorado da arguida Inês Sanches, viveu durante nove meses com filha desta, Jéssica, cuja morte causada por agressões e maus-tratos está a ser julgada pelo Tribunal de Setúbal, decidiu usar o seu direito ao silêncio, esta quinta-feira, e não prestou depoimento, enquanto testemunha.
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Na semana passada, aquele pescador tinha dito ao juiz-presidente do tribunal que prestaria declarações, abdicando do direito ao silêncio que a lei concede a familiares e cônjuges de arguidos (por ter morado com Inês Sanches, considera-se que a testemunha era seu cônjuge), mas esta quinta-feira decidiu voltar atrás.
Paulo Amâncio esteve com a menina nas últimas horas de vida, na segunda-feira, 20 de junho de 2021, depois de a mãe a ter ido buscar, quando ela já estava em agonia, a casa da família que é suspeita de a ter agredido ao longo de vários dias.
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Em vez de se dirigir ao hospital para a filha ser socorrida, Inês Sanches levou-a para casa. O pescador, segundo referiu ao JN nos dias após o crime, estava a dormir quando Jéssica foi deitada no quarto que os três partilhavam, no Bairro São Nicolau, em Setúbal.
Na altura, Paulo Amâncio contou também que Inês lhe pediu para não fazer barulho e não acender a luz, visto que a menina tinha caído na creche. Tinha sido vista por um psicólogo, que tinha receitado Atarax para a criança dormir, terá dito ainda ao companheiro a mãe da criança.
Mãe chora com fotografias
Na sessão de julgamento desta quinta feira, no Tribunal de Setúbal, onde era previsto que o testemunho de Paulo Amâncio durasse toda a manhã, também a mãe de Inês decidiu não prestar depoimento enquanto testemunha.
O Tribunal viu imagens das buscas realizadas às casas de Inês e da família dos arguidos que respondem pelo homicídio brutal de Jéssica. A mãe de Jéssica, Inês Sanches, que responde por homicídio qualificado por omissão, chorou ao ver as imagens.