Comissão Fabriqueira de São João de Lourosa, Viseu, foi surpreendida, quer dinheiro de volta e já informou o bispo.
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O padre da diocese de Viseu que é suspeito de ter assediado sexualmente um jovem de 14 anos levantou mais de mil euros da conta da paróquia de São João de Lourosa, onde servia, depois de ter sido afastado pelo bispo de Viseu, D. António Luciano, devido ao caso. A Comissão Fabriqueira já comunicou a situação à diocese e quer o dinheiro de volta.
Ao que o JN apurou, o sacerdote Luís Miguel fez o movimento bancário pouco tempo depois de ter sido destituído de funções. "Foi um bocadinho em cima da data em que saiu. Ele levantou mais de mil euros e nunca os devolveu", adiantou fonte da Comissão Fabriqueira.
O incidente foi comunicado ao bispo, que ficou de tratar do assunto junto do sacerdote, de 46 anos. "O bispo entrou em cena e é que lhe chamou a atenção. Ainda não sabemos como vai ser devolvido esse dinheiro", acrescentou a fonte. Outro elemento da Comissão explicou que o pároco controlava todas as contas porque era ele "o dono da fábrica da Igreja". "Ele mandava e pagava-se a si próprio", sublinhou. Depois de abandonar a paróquia, em meados de agosto, o padre ainda recebeu no mês seguinte o ordenado, que é transferido automaticamente, mas devolveu o dinheiro. O JN tentou sem sucesso ouvir o sacerdote e D. António Luciano.
Justiça investiga
O padre está a ser investigado pelo Ministério Público por ter enviado mensagens com teor sexual a um menor. Os dois conheceram-se num almoço numa adega, onde estava o pai do jovem. No dia seguinte, o rapaz contou as investidas do sacerdote ao progenitor, que comunicou o caso à justiça e à diocese.
A comissão ouviu os envolvidos e enviou o processo para a Santa Sé. A diocese suspendeu o suspeito de funções religiosas e afastou-o de todas as instituições ligadas à Igreja. O sacerdote pediu, entretanto, um ano sabático.
É nas redes sociais que o padre tem quebrado o silêncio. No último domingo, escreveu uma publicação, negando ser pedófilo. "Apetecia-me dizer em bom português: vão chamar pedófilo à p*** que os pariu, mas sou educado, sempre fui e serei sereníssimo como a República de Veneza", escreveu. No texto ameaçou avançar com processos-crime "contra quem mente e calunia" de forma "inqualificável".