As autoridades estão convencidas de que o pai e a madrasta de Valentina concertaram uma versão sobre a morte da criança, para tentar enganar a Polícia Judiciária.
Corpo do artigo
As suspeitas de abusos sexuais sofridos pela menor, que Márcia e Sandro avançaram às autoridades, não passarão de uma desculpa para tentar explicar as violentas agressões. É que até agora nada foi encontrado pela PJ que suporte essas suspeitas.
O casal alegou desde o primeiro interrogatório depois de detido que Sandro batia na menina porque queria descobrir quem andava a abusar dela. Ambos alegaram terem descoberto uns bilhetes de um colega de escola de Valentina, com linguagem imprópria, e decidiram tirar o caso a limpo. Sandro até desconfiaria que a filha, reconhecida só com um ano de vida mediante testes de ADN, era abusada por um parente da mãe.
Mas a verdade é que nunca os bilhetes foram encontrados pela PJ, nem Sandro partilhou com a mãe de Valentina essas suspeitas, o que seria uma atitude normal de pai.
As autoridades acreditam que a madrasta não queria a criança em casa, onde já viviam outros três menores, filhos dela. As despesas inerentes a uma família alargada e a tensão do confinamento, aliado a alegado consumo de droga por parte do pai, terão estado na origem da violência e do homicídio.
12199073
12197049
No passado dia 6, após pelo menos quatro dias de maus-tratos, enquanto dava banho à filha, o pai despejou-lhe água a escaldar. E desferiu-lhe mais pancadas, mais fortes. Valentina desfaleceu e ficou horas a agonizar no sofá, sem cuidados.
Acabou por falecer a meio da tarde e, cerca de seis horas depois - fase em que Sandro e Márcia terão concertado as versões e planeado o que iriam fazer - levaram o corpo para o pinhal, onde foi encontrado.
A mãe, Sónia, que vive no Bombarral, tinha falado pela última vez com a filha no domingo, dia 3. Era Dia da Mãe. Nada na conversa telefónica criou suspeitas na mãe, que estava alegre por saber que Valentina e o pai estavam a criar laços.
A menor, nascida de uma relação fortuita, tinha ido viver para casa do pai para poder acompanhar a telescola. No Bombarral, ficaria sozinha porque a mãe tinha de trabalhar.