Os pais de Matilde Sande, a "bebé Matilde", dizem que nunca foram ouvidos em qualquer inquérito pelo Ministério Público (MP) sobre "a angariação de fundos" que resultou em milhares de donativos, totalizando mais de 2, 5 milhões de euros, nem sobre "a forma como estão a gerir o dinheiro".
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A Procuradoria-Geral da República confirmou ao JN "a existência de um inquérito", esclarecendo que o processo se encontra "em investigação e sujeito a segredo de justiça". Em causa está o dinheiro doado para que os pais de Matilde, Carla Martins e Miguel Sande pudessem adquirir o Zolgensma, tido como o medicamento mais caro do mundo, para tratar a atrofia muscular espinhal de que padecia. Os pais conseguiram o dinheiro mas o Estado português assumiu a compra e respetivo pagamento.
Ajuda a outras famílias
Os 2,5 milhões de euros depositados na Caixa Geral de Depósitos estão a ser geridos por Carla e Miguel que, atualmente, estão ajudar financeiramente 55 crianças com doenças graves, não revelando contudo quanto dinheiro já gastaram e quanto existe.
Os pais sempre afirmaram que este é "um processo transparente" e que o dinheiro "pertence à Matilde". Os pais recusam colocar "na mão de terceiros", de pessoas alheias à família, " o futuro" da filha. No Facebook, continua ativa a página "Matilde, uma bebé especial".
A possibilidade de reembolso dos donativos é uma questão que se coloca há meses, tendo havido já pedidos de reembolso por parte de doadores. "Como o Estado pagou o remédio, o dinheiro que eu dei já não vai ser usado para o efeito que me foi pedido e, por isso, quero ser reembolsado", afirmou um doador de Braga.
Conceição Seco, residente no Luxemburgo e membro de um grupo que doou 1200 euros, recusa-se a receber o dinheiro de volta. "Já há alguns meses que a mãe da Matilde me contactou a pedir o número de uma conta para devolver o dinheiro", afirmou. E explica: "Sei que estão a ajudar outras crianças e há quem se queira aproveitar da bondade deste casal. Só Deus sabe o que a Matilde irá precisar".
Nas redes sociais, são muitos os pais que agradecem a ajuda. "Os papás da Matilde salvaram-nos", escreveu Maria Terra, mãe de Mateus, um menino com uma doença rara.