Querem mais do que guarda temporária, mas a mãe também pode avançar para tribunal.
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Os pais de Pedro João Dias, a quem o Tribunal de Família e Menores de Aveiro atribuiu esta quarta-feira a guarda provisória da neta, deverão avançar para a guarda definitiva da menina de 10 anos logo que a situação do fugitivo, suspeito de ter assassinado um militar e um civil em Aguiar da Beira, fique esclarecida.
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Se assim for, a mãe da criança, uma veterinária, deverá recorrer ao tribunal para retomar a guarda da menina, com quem viveu até há um mês. Na altura, a mãe foi ao encontro do desejo da filha e aceitou que esta fosse viver com o pai, uma decisão aceite pelo tribunal.
A advogada dos avós, Mónica Quintela - a mesma causídica que representa a antiga inspetora da PJ Ana Saltão, acusada de ter matado a avó do marido -, não confirma se os pais de Pedro Dias vão solicitar a guarda definitiva.
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"Ainda é cedo para falar nisso. Para já, a única certeza é que o tribunal, após as nossas diligências, decidiu esta quarta-feira oficializar a atribuição temporária da guarda aos avós paternos", disse ontem ao JN.
"Os avós tudo farão para o bem-estar da criança. E para que isso aconteça, admitimos todas as possibilidades", acrescentou.
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Sem televisão, jornais e internet
Aliás, Pedro Dias, no decurso do processo, cedeu a morada dos pais em Arouca, por ser a única com condições de habitabilidade para a criança e é lá que permanece.
"Preservada do que se está a passar", revelam fontes próximas da família, a menina, que estuda numa escola local, "não vê televisão, não lê jornais e não usa a internet".
"Sabe que o pai vai estar ausente muito tempo, mas desconhece pormenores", revelam. Uma ideia que fonte próxima da mãe contraria. "Ela acredita que a menina está acompanhar as buscas pelo pai", garante ao JN.
Sabe-se que a filha tem uma relação de grande proximidade com Pedro Dias e que, ainda no domingo anterior aos crimes, estavam juntos na quinta onde ele mantém animais, perto de Vila Franca da Serra, Gouveia.
"Andava com as ovelhas e fui lavar as mãos à charca, quando eles pararam e falei com eles", confirmou o pastor Vítor Freitas.
Soube o JN que a mãe da menina, de quem Pedro Dias se separou após duas queixas de violência doméstica e uma condenação a 23 meses de prisão, não estaria, nesta fase, interessada em resgatar a guarda da filha.
"A criança poderia revoltar-se", terá confidenciado, segundo pessoas próximas. Contudo, as mesmas fontes têm a certeza de que se os avós paternos intentarem a ação que pretendem, "o mais provável é que a mãe se sinta forçada a ir jogo". A ex-companheira de Pedro Dias não quis comentar o assunto.