Um tiro de caçadeira disparado após uma discussão nos bares de Almada contra um homem que seguia de carro não foi fatal devido ao para-brisas que, ao estilhaçar-se, fez com que os projéteis do cartucho disparado perdessem a força, atingindo-o mas sem fatalidade.
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O crime aconteceu a 7 de dezembro de 2024 na zona dos bares no Ginjal, em Almada, e a vítima e o condutor da viatura acabaram por sofrer ferimentos provocados pelos vidros. O arguido, um jovem de 20 anos que se entregou à PJ, está agora acusado de dois crimes de homicídio qualificado tentado. O homem tinha saído de uma discoteca, com um grupo de amigos, e foi ameaçado por um elemento de um segundo grupo, na sequência de uma troca de insultos e agressões na via pública.
Segundo apurou o JN, a vítima teria pedido a uma amiga do arguido para "fumarem ganza". Após troca de insultos e agressões, a vítima ameaçou-o, dizendo-lhe para olhar pelo ombro nos dias seguintes.
O arguido saiu do local do incidente, foi a casa e pegou numa caçadeira com dois cartuchos. Regressou ao local e, vendo o alvo dentro de um carro, apontou-lhe a arma e disparou para o matar. De acordo com a acusação do MP, os projéteis do cartucho "perfuraram o vidro frontal do referido veículo e atingiram, apesar do respetivo potencial destrutivo ter sido minimizado pelo vidro do veículo, condutor e passageiro".
Consumado o crime, o arguido fugiu na própria viatura e atirou a caçadeira ao Rio Tejo, junto ao Cais da Lisnave. As duas vítimas ficaram com ferimentos nos olhos e foram assistidas no hospital de Almada, mas não correram perigo de vida. O arguido viria a entregar-se à Polícia Judiciária de Setúbal e ficou em prisão domiciliária, medida de coação que se mantém e que se justificou pela ausência de antecedentes criminais.
De acordo com o despacho de acusação, o arguido agiu com "frieza de ânimo, tendo-se deslocado à sua residência com intenção clara de se apoderar de uma arma de fogo, com a qual efetuou um disparo contra o mesmo, sem que a vítima tivesse qualquer hipótese de reagir e se defender, mantendo a sua intenção de tirar a vida e revelando premeditação e indiferença pelas consequências dos seus atos". O arguido responde agora por duas tentativas de homicídio qualificado e detenção de arma proibida.