Incidentes na noite de Lisboa, Porto e Famalicão, que provocaram dois mortos, levam a PSP a aumentar a presença e rapidez de reação.
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Os recentes acontecimentos junto a duas discotecas, em Lisboa e Famalicão, que levaram à morte do agente Fábio Guerra e do jovem Hugo Ribeiro, bem assim como episódios de violência junto a bares do Porto, de Braga, entre outros incidentes, levaram a PSP a declarar tolerância zero nas zonas de diversão noturna dos principais centros urbanos de norte a sul do país durante este período de Páscoa. "Já houve mortes e feridos a mais na noite", revelou ao JN uma fonte da Polícia.
As preocupações com a segurança de quem procura a noite apenas para se divertir, na sua maioria jovens, bem como um escalar na violência dos desacatos que se têm registado, com o uso de armas de fogo, por exemplo, fizeram com que a Polícia antecipasse mesmo a operação "Páscoa em Segurança" e nela incluísse, ao contrário do que é habitual, a vigilância da "noite". Já no fim de semana passado foi reforçado o número de agentes na rua, em operações classificadas como de "grande envergadura".
A PSP aposta num modelo de proximidade, visibilidade e intervenção rápida, se necessário, nos principais locais de "Movida" noturna, como sejam a Baixa do Porto, a zona dos bares junto à Universidade do Minho, o Pioledo, em Vila Real, ou o Cais do Sodré e a Avenida 24 de julho, na capital.
Estas são zonas onde, à noite, se concentram milhares de jovens, potenciando a criminalidade violenta e episódios de violência, seja em ajustes de contas ou em resultado do consumo excessivo de bebidas alcoólicas.
Todas as Valências envolvidas
O JN sabe que para a preparação destas ações, que serão prioritárias, foi pedido o contributo de todos os comandos metropolitanos, inclusivamente através da elaboração de uma análise da situação nos locais de diversão noturna.
E a tolerância zero que a Polícia pretende implantar a partir de agora na noite das grandes cidades, implica o emprego de todas as valências policiais, incluindo o recurso a unidades mais "musculadas" e vocacionadas para uma intervenção rápida, para intervir rapidamente e evitar que os conflitos aumentem de intensidade.
E isso implica o recurso às denominadas EPRI (Equipas de Prevenção e Reação Imediata), que se deslocam de moto, e de pessoal das EIR (Equipas de Intervenção Rápida).
Fiscalização rodoviária
Esta atenção dada à segurança na noite, crítica neste período de férias escolares, não significa que esteja a ser descurada a segurança rodoviária, numa época de muitas deslocações.
A PSP está a intensificar as operações de fiscalização, incidindo na condução sob efeito de álcool ou drogas, excesso de velocidade, uso do telemóvel e não utilização (ou uso incorreto) de cintos de segurança e sistemas de retenção. O aumento da fiscalização verifica-se nos centros urbanos e acessos aos principais eixos rodoviários.
Casos recentes na noite
Morte de polícia
Na madrugada do dia 19 do mês passado uma rixa à porta da Discoteca Mome, em Lisboa, esteve na origem da morte do agente da PSP Fábio Guerra, de 26 anos, e ferimentos em outros quatro polícias. Foram detidos dois fuzileiros e um civil está ainda a ser procurado.
Agredido com paralelo
Hugo Ribeiro, de 21 anos, residente em Vila Nova de Gaia, morreu após ter sido agredido na cabeça com um paralelo, durante desacatos envolvendo dois grupos à porta da discoteca Noa, na madrugada do dia 6 do mês passado.
Tiroteio no Porto
O Porto foi abalado, no passado dia 3, com uma troca de tiros à porta do bar Bling Bling, na Travessa de São Brás, cerca das 8.30 horas. Uma pessoa ficou ferida mas o incidente, um entre outros ocorridos naquele espaço, e as queixas dos moradores, levaram o ministro da Administração Interna a encerrar o local durante meio ano.
Morto com um soco
Em outubro passado, na Rua de Passos Manuel, Porto, Paulo Correia, um estudante de 23 anos, morreu após ser atingido com um soco quando estava à porta de uma discoteca. O agressor, estudante francês, está em prisão preventiva.
Prevenção
Cuidados com a casa
A PSP alerta para que, durante os períodos de ausência de casa, durante a Páscoa, as portas e janelas devem ficar bem trancadas e é de evitar o uso das redes sociais para publicitar o local onde estamos. Está ativa a operação de vigilância a residências, mediante pedido na esquadra da área.
Denunciar crimes
Num apelo que não se esgota neste período de Páscoa, a Polícia pede que sejam denunciados quaisquer crimes, ainda que não concretizados, de que os cidadãos sejam vítimas ou que testemunhem, possibilitando a imediata resposta e investigação policial.