O Tribunal de Viseu decidiu que Avelino Gaspar, presidente do conselho de Administração da Lusiaves, grupo de empresas do setor agro-alimentar, sedeado em Marrazes, Leiria, vai a julgamento por um crime de branqueamento de capitais, em co-autoria com Mário Pinto. Este último também vai ser julgado por insolvência dolosa e abuso de confiança qualificado.
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Os arguidos podem vir a perder a favor do Estado quase 1, 7 milhões de euros.
Segundo a acusação do Ministério Público, confirmada na passada sexta-feira pelo tribunal de Viseu, Avelino Gaspar é acusado de ter delineado um plano para transferir e desmantelar o património da Avilafões (Vouzela), nomeadamente bens e equipamentos para uma das sociedades do grupo da Lusiaves, com o propósito de provocar a insolvência e prejudicar os credores. Depois terá tentado branquear o capital numa offshore, a Risa Finance LLC que, segundo o MP era administrada de facto pelo empresário.
Segundo a acusação, o plano começou a ser executado em 2006, numa altura em que a empresa Avilafões, em Queirã, Vouzela, estava economicamente deficitária. Sabendo da necessidade de injeção de capital, Avelino Gaspar terá abordado um dos sócios da empresa, João Silva, a quem propôs que a Campoaves (sedeada em Oliveira de Frades) entrasse como sócia, o que acabou por acontecer, ficando esta empresa maioritária, com 51,76% das quotas.
Nesse mesmo ano (2006), a Avilafões foi alvo de uma vistoria por parte de diversas instituições e a atividade foi suspensa por a empresa não reunir as mínimas condições de laboração no domínio do ambiente e da saúde pública.
Já em 2009, a Campoaves alienou a conta à offshore Risa Finance LLC, pelo valor de um milhão de euros, tendo sido provisionada com um cheque da conta de Avelino Gaspar.
Em 2009, os sócios minoritários João Silva e a mãe, Maria Cidália pediram a insolvência da Avilafões, mas antes de ter sido declarada (2010) já tinha sido alienado património no valor de mais de 1,6 milhões de euros para a Campoaves.
"A instrução veio confirmar integralmente o entendimento que nós sustentávamos desde que apresentamos a denúncia e que deu origem a este processo", afirmou o advogado Filipe Santos Marques, representante da Wabnet, Lda (adquiriu créditos a anteriores sócios fundadores da Avilafões que denunciou) que pede uma indemnização civil que ultrapassa 1,6 milhões de euros.