A decisão judicial do Tribunal Central de Instrução Criminal (TCIC) que permitiu ao militante de extrema-direita Mário Machado deixar de cumprir apresentações periódicas para deslocar-se à Ucrânia, alegando motivos humanitários, mereceu a reprovação do Partido Comunista Português (PCP) e do Bloco de Esquerda (BE).
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Num comunicado enviado às redações, o PCP critica a decisão do juiz por este ter omitido no despacho "que o pedido formulado não se restringe a supostas razões humanitárias", uma vez que, no pedido, Mário Machado admite combater ao lado das forças ucranianas, caso seja necessário.
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"Sublinhe-se que Mário Machado é conhecido pelo seu envolvimento e promoção de atividades criminosas e que estão na origem da sua condenação. Não é possível ignorar ainda que, invocando questões de natureza humanitária, o que Mário Machado manifesta é o seu propósito de se juntar a forças fascizantes e nazis que combatem na Ucrânia com as quais se identifica e integra", alerta o PCP.
Os comunistas lembram ainda que os portugueses desejosos de se juntar ao conflito armado, não irão beneficiar da proteção que os mecanismos internacionais conferem a militares de países envolvidos. Até garantem que os cidadãos nacionais podem ser considerados criminosos naquele país, já que não podem ser tratados ao abrigo das convenções de Genebra.
Já o BE, através de uma publicação de Catarina Martins nas redes sociais, pede sensatez ao sistema judicial. "O Ministério Público pode recorrer. Esperamos que o faça. Há um país democrático que anseia por sensatez", escreveu a líder do Bloco.
Recorde-se que Mário Machado foi autorizado por um juiz do TCIC a deslocar-se para o cenário de guerra, libertando-o das medidas de coação de apresentações quinzenais às autoridades, aplicadas no âmbito de um processo, em que é arguido por posse de arma ilegal e suspeito de incitamento ao ódio racial.