Polícias dizem não ter visto episódio de violência após jogo entre Moreirense e F. C. Porto na época passada.
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O empresário de futebol Pedro Pinho negou no Tribunal de Guimarães ter agredido um repórter de imagem da TVI, após o jogo da I Liga, entre o Moreirense e o F. C. Porto, no dia 29 de abril de 2021. O episódio foi filmado. Ao desmentido do empresário, após duas audiências, junta-se o depoimento de dois agentes das autoridades que dizem não ter visto a agressão. Pedro Pinho está acusado dos crimes de ofensa à integridade física qualificada, atentado à liberdade de informação e dano com violência.
O operador de imagem da Sport TV estava a cinco metros do colega da TVI e não tem dúvidas de que houve agressão. "Percebo que há um tumulto e vejo o Francisco a ser levado pelos colarinhos, escada abaixo, até um varandim", testemunhou. "Ainda vi o Pedro Pinho a tentar atirar o tripé fora. Entretanto, ouvi o Francisco a chamar a Polícia", acrescentou. O que o jornalista não confirma são os pontapés, mencionados na acusação do Ministério Público, "porque estava com a câmara ao ombro". Nas imagens da Sport TV, ouve-se uma voz dizer: "Vê lá se queres ser a seguir". Após esta frase, a câmara continua a filmar, mas virada para baixo.
Já os dois polícias que estavam perto, a preparar a saída do árbitro, um da GNR e outro da PSP, não se aperceberam da agressão. Foi o GNR que respondeu ao pedido de socorro de Francisco Ferreira, é possível identificá-lo pela farda nas imagens exibidas no julgamento. Em tribunal, porém, o guarda afirma que não viu a agressão. O agente do corpo de segurança da PSP diz o mesmo, embora não se tenha abeirado do local.
local estratégico
No inquérito fica claro que, devido a "questões relacionadas com a pandemia", a equipa visitante ficou num balneário onde era possível, a partir do ponto onde o elemento da TVI estava, filmar os jogadores e os dirigentes, captando o "seu estado anímico", depois do empate com o clube de Moreira de Cónegos.
A defesa de Pedro Pinho procura demonstrar que os jornalistas não podiam estar ali e questionou o repórter da Sport TV. O operador de imagem, ainda que reconhecendo que devido à pandemia trabalhavam em locais pouco habituais, invocou a credencial, emitida pelo clube, que não o proibia de estar naquele local.
Pormenores
Baía e Pinto da Costa são testemunhas
O antigo guarda-redes e o presidente do F. C. Porto serão ouvidos como testemunhas. Vítor Baía, que faltou a duas sessões e foi multado, terá, segundo o inquérito, procurado "demover o arguido". Pinto da Costa estava a ser filmado aquando da agressão.
Credencial autorizava o repórter
A credencial emitida pelo Moreirense não menciona nenhuma limitação aos espaços que o jornalista podia ocupar.