Em janeiro deste ano, a Procuradoria-Geral da República (PGR) tinha já confirmado que estava em curso uma investigação sobre os negócios do lítio e do hidrogénio verde. Naquela altura, o inquérito não tinha ainda arguidos constituídos, acrescentava a mesma fonte.
Corpo do artigo
O esclarecimento da PGR surgia dias depois de João Galamba, que liderou os dois negócios, ter sido nomeado ministro das Infraestruturas. A sua nomeação causara polémica precisamente por, enquanto secretário de Estado da Energia, ter liderado estes dois dossiês sensíveis que já na altura levantaram várias dúvidas.
Questionado sobre uma eventual investigação, João Galamba tinha garantido que nunca fora "ouvido sobre este processo absurdo, exatamente porque é absurdo e vazio", respondera ao jornal "Público", em janeiro. Também o ministro do Ambiente da altura, João Matos Fernandes, assegurou que não fora notificado de qualquer investigação.
PGR juntou dois negócios numa mesma investigação
O Departamento Central de Investigação e Ação Penal (DCIAP) explicou que optara por unificar os negócios do lítio e do hidrogénio verde numa mesma investigação, sujeita a segredo de justiça, pelo que não prestou esclarecimentos adicionais. A investigação estaria a ser liderada por dois procuradores e não envolveria a Polícia Judiciária, precisamente para proteger eventuais fugas de informação, dado que versava vários elementos do Governo, avançava a SIC.
Segundo foi noticiado no ano passado, o inquérito versava sobre eventuais "indícios de tráfico de influências e de corrupção, entre outros crimes económico-financeiros". Em causa estaria um alegado favorecimento do consórcio "EDP/Galp/REN" no milionário projeto do hidrogénio verde para Sines. Projeto que viria depois a ser cancelado.
Relativamente ao negócio do lítio, a polémica remonta à legalidade do contrato para a concessão da exploração do lítio, em Montalegre, à empresa Lusorecursos por 35 anos, uma empresa criada apenas três dias antes da assinatura do contrato, com um capital social de 50 mil euros e que iria assegurar um negócio potencial de cerca de 380 milhões de euros.