Era um dos líderes do gangue de Valbom e tinha mandados de captura por diversos processos. Um deles envolve 840 quilos de droga.
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Hélder Bianchi, o líder do extinto gangue de Valbom, um grupo criminoso que foi condenado em vários processos de assaltos violentos, foi capturado pela Polícia Judiciária (PJ) do Porto, em Braga, após ter estado vários meses em fuga. Tinha mandados de detenção pendentes por tentativa de homicídio e por tráfico de droga.
De acordo com informações recolhidas pelo JN, a captura do fugitivo, considerado pelas autoridades como perigoso por existirem referências de que andava sempre armado, foi consumada na quinta-feira, a meio da tarde, em Braga. Foram inspetores da brigada de homicídios que conseguiram localizá-lo, apesar de Hélder Bianchi estar habituado a rodear-se de cuidados para evitar as autoridades.
Em comunicado enviado esta sexta-feira, a PJ do Porto adiantou que Bianchi é também suspeito de vários assaltos a ourives.
Bianchi era procurado, entre outras suspeitas de crimes, por causa da tentativa de homicídio e roubo. Mas um dos últimos casos em que o líder do extinto gangue de Valbom esteve envolvido e que também lhe valeu a emissão de mandados de detenção prende-se com o tráfico internacional de droga. Numa operação de julho do ano passado, a PJ do Porto apreendeu no Algarve cerca de 840 quilos de haxixe, com um valor estimado de cerca de dois milhões de euros. Já este ano, em junho, os inspetores lançaram uma mega-operação que visava desmantelar essa rede e prender, entre outros suspeitos, Hélder Bianchi. No entanto, ele conseguiu escapar.
Desembarques no Algarve
Nesta investigação, as autoridades apuraram que a rede operava a partir do Norte do país e em ligação direta com grandes traficantes internacionais. A organização era sofisticada, recolhendo a droga em grandes quantidades logo após desembarques no Algarve e dispondo de um esquema de branqueamento dos lucros obtidos com o tráfico assente em estruturas familiares.
Há cinco meses, foram detidos um homem e uma mulher que é apontada como fazendo parte do núcleo que chefiava a rede, mas Bianchi conseguiu manter-se fora do radar das autoridades. Mais de 50 buscas domiciliárias foram efetuadas, tendo sido apreendidos 70 mil euros, cerca de uma dezena de viaturas e até barcos.
Apesar de ter apenas 33 anos, Hélder Bianchi é já considerado um histórico do crime no país. Aos 18 anos, já era um dos cabecilhas do violento gangue de Valbom, que tem o nome daquela freguesia de Gondomar. Em seis meses, efetuou roubos à mão armada, carjackings e tentativas de homicídio, incluindo de um inspetor da PJ. Disparavam primeiro e roubavam depois. Em 2010, foi condenado a dez anos de prisão. Em 2018, saiu da cadeia e, no ano seguinte, voltava a ser detido por suspeita de roubos à mão armada. Antes, tentara fugir e atropelar os inspetores que tiveram de disparar para o ar para o deter, em Santo Tirso. Nessa altura, ficou em liberdade, até quinta-feira.
Pormenores
Operação Charlie
Foi em setembro de 2008 que a PJ do Porto avançou para a megaoperação Charlie, em que desarticulou o gangue de Valbom, após meses de terror nas zonas do Grande Porto e do Norte. O grupo criminoso rodeava-se de grandes cuidados na prática dos crimes e não deixava rasto, evitando inclusivamente levar os telemóveis para as suas investidas.
Ouro era o alvo
Ao gangue de Valbom, composto por 15 elementos, a justiça atribuiu, entre outros, os assaltos à Feira do Ouro, na Rua de Santa Catarina, Porto, em junho de 2008, à Joalharia Machado, na Vila das Aves, a 6 de agosto, que gerou prejuízo de 32 mil euros e à Ourivesaria Lote, Fornos de Algodres, em Agosto de 2008, que rendeu 124 mil euros.