A PJ efetuou buscas no PSD e na casa do antigo presidente do partido, Rui Rio. Em causa está a alegada utilização de dinheiros públicos para pagamento de serviços de assessoria prestados ao partido. Há uma dezena de assessores visados, um deles é o atual deputado Hugo Carneiro, também alvo de buscas.
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Em comunicado a Polícia Judiciária esclarece que "está em causa a investigação à utilização de fundos de natureza pública, em contexto político-partidário, existindo suspeitas da eventual prática de crimes de peculato e abuso de poderes (crimes da responsabilidade de titulares de cargos políticos), a factos cujo início relevante da atuação se reporta a 2018".
Em causa estão suspeitas do uso de verbas alocadas ao grupo parlamentar do PSD, para pagamento de salários de assessores que estaria a trabalhar para o partido e não na realização de serviços para o trabalho parlamentar.
O JN sabe que ainda não foram constituídos arguidos, nem está previsto que os suspeitos adquiram essa qualidade esta quarta-feira.
Em casa de Rui Rio, no Porto, as buscas já terminaram e o ex-líder do PSD ironizou sobre as diligências da investigação e mostrou serenidade e confiança. Desde a varanda do prédio onde vive, Rui Rio sorria e perguntou aos jornalistas se já tinha chegado o carro celular, ironizando.
Entretanto, os sociais democratas confirmaram as buscas. "O PSD confirma que a sede nacional e a sede distrital do Porto foram hoje objeto de buscas por parte da Polícia Judiciária. Segundo a informação das autoridades, a investigação em curso visa factos que remontam ao período de 2018 a 2021", informou o partido em nota enviada às redações, assegurando que prestará toda a colaboração solicitada pelas autoridades judiciais.
Segundo informações recolhidas pelo JN, estarão em causa, pelo menos, uma dezena de assessores. Estes seriam pagos pelo orçamento público concedido ao grupo parlamentar do PSD, mas prestariam serviço estritamente partidário, que deveria ser pago através do orçamento do PSD. Florbela Guedes, que foi assessora do grupo parlamentar do PSD, já foi ouvida, há cerca de dois anos, neste mesmo inquérito dirigido pelo Ministério Público.
A Unidade Nacional de Combate à Corrupção (UNCC) realizou 20 buscas, 14 delas domiciliárias, cinco a instalações de partido político e uma em instalações de Revisor Oficial de Contas, na zona da Grande Lisboa e na zona norte do país.
"A investigação prosseguirá com o exame integral aos elementos probatórios alcançados, visando o cabal esclarecimento dos factos que integram o objeto do inquérito", precisou a PJ em comunicado.