A investigação ao caso do designer alemão que matou o filho e se suicidou, na Serra de Grândola, no distrito de Setúbal, procura apurar se aquele homem recebeu ajuda de terceiros, durante os dias em que andou em fuga com o filho, de três anos, antes de matar a criança e cometer suicídio.
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Em concreto, a Polícia Judiciária quer saber se alguém ajudou o homicida em termos de alojamento e alimentação, entre o dia do desaparecimento, 1 de novembro, e a data das mortes. Esta ainda está por determinar, mas os investigadores creem que não será muito anterior à da descoberta dos corpos, no domingo passado, 7 de novembro.
De quem que possa ter ajudado o designer Clemens Weisshaar, a PJ quer saber, designadamente, se tinha conhecimento de eventuais planos do alemão para matar o filho, Tasso Weisshaar, e suicidar-se.
Durante os dias do desaparecimento, apurou o JN junto de fonte policial envolvida nas buscas, nunca surgiu qualquer pista sobre o envolvimento de terceiros na fuga de Clemens Weisshaar com o filho.
As autoridades realizaram buscas em locais onde o alemão podia estar com o filho, entre as quais a casa que aquele estava a construir, na localidade de Musqueirão, e onde queria viver com uma estilista inglesa, de quem se separou em julho passado, e o filho de ambos. Clemens Weisshaar e a criança também foram procurados na casa onde aquele vivia, em Grândola, e no espaço que dava como morada da sua empresa, na mesma localidade. Nunca foi encontrado.
Autópsia realizada esta terça-feira
A autópsia aos corpos começou a ser realizada no Instituto de Medicina Legal de Santiago do Cacém durante a tarde desta terça-feira, não sendo ainda conhecidos os resultados.
O corpo do pequeno Tasso foi encontrado, carbonizado, dentro da viatura do pai, que foi consumida pelo fogo. Mas a sua identidade deverá ser confirmada através de registos dentários.
Os exames médicos também poderão ainda determinar se a criança já estava morta antes do incêndio na viatura. A data dos óbitos é outra informação que pode ser dada pela Medicina Legal. Os corpos foram encontrados, no domingo, por caçadores.
Tasso Weisshaar era o filho de Clemens e a estilista inglesa Phoebe Arnold. O casal teve uma relação e residiu em Grândola durante cerca de cinco anos. Há dois, adquiriu uma antiga escola primária, na Serra de Grândola, em Musqueirão, onde planeavam viver. Ao redor, o pai queria construir uma pista de motocrosse.
Mas, em julho, a estilista inglesa decidiu terminar a relação com o alemão, porque Clemens seria muito possessivo e controlador, e mudou-se com o filho para Lisboa. Desde essa altura que o pai não via o filho.
Na sexta-feira, 29 de outubro, Clemens foi buscar o filho e combinou com a ex-companheira que o devolveria no 1 de novembro. Mas, neste dia, não apareceu. As autoridades foram alertadas, mas só seriam encontrados, já cadáveres, quase uma semana depois.
Clemens Weisshaar nasceu em Munique e formou-se no Royal College of Art em Londres. Fundou o primeiro estúdio, em 2000, na Alemanha. Dois anos mais tarde, com um parceiro americano, constituiu a firma Kram/Weisshaar, responsável pela criação de um robot capaz de costurar ténis à medida para atletas. A firma tem morada em Grândola. Esta semana, alguns vizinhos questionados pelo JN responderam que nunca tinham visto atividade no local, nem sequer Clemens Weisshaar.