Maioria é arma de arremesso político e não passa de imputações genéricas na aproximação de eleições. Averiguações preventivas são o primeiro filtro. Nos últimos cinco anos foram abertos 884 inquéritos sobre autarquias.
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A Polícia Judiciária recebe, em média, 70 denúncias de crimes ligados à corrupção todos os meses e tem de filtrar cada uma delas para averiguar a veracidade das acusações que, na maioria dos casos, não passam de imputações genéricas, sem uma descrição de factos concretos nem provas. Apesar de muitas denúncias não passarem de “arma de arremesso político”, há 14 inquéritos que são abertos por mês e que visam crimes em autarquias. Hoje assinala-se o Dia Internacional contra a Corrupção.
“O presidente da câmara anda a receber luvas de um construtor civil que ganha quase todas as obras no concelho. Até foi de férias com ele há cerca um mês, para o Brasil, com tudo pago. Investigue-se”. Este é um exemplo de denúncia anónima que chega as secretárias dos investigadores especialistas em luta contra crimes de corrupção. Nos últimos cinco anos, só a PJ recebeu 4244 denúncias anónimas envolvendo crimes de corrupção, mas também de prevaricação, abuso de poder ou participação económica em negócio. Todas elas tiveram de ser filtradas para se perceber se a acusação tinha algum fundamento e matéria criminal, obrigando, muitas vezes, ao empenho desnecessário de meios.