PJ vigiou transporte de perto de 4,5 toneladas de cocaína do Equador até Lisboa 

Quando o navio zarpou do Equador em direção à Europa, as autoridades que se dedicam ao combate ao narcotráfico internacional já estavam atentas à carga que ali era transportada. Tinham fundadas suspeitas que as dezenas de caixas de bananas que enchiam dois dos contentores marítimos escondiam muitos quilos de cocaína, mas decidiram não interferir.

Nem mesmo quando, já em Espanha, os contentores sinalizados foram sujeitos a transbordo e carregados para uma outra embarcação que, pouco depois, se dirigiu ao porto de Lisboa. 

PJ vigiou contentores

Já com a Unidade Nacional de Combate ao Tráfico de Estupefacientes da PJ em vigilância permanente, os contentores continuaram a ser seguidos quando foram retirados do navio e levados do porto para um entreposto aduaneiro localizado fora da capital, mas ainda no distrito de Lisboa. O objetivo era tentar identificar quem iria recolher a droga, contudo ninguém tentou aceder aos contentores enquanto estes permaneceram no armazém logístico.

Sem movimentações, os inspetores resolveram atuar a poucos dias das bananas serem encaminhadas para o estrangeiro, destino final da encomenda feita à empresa equatoriana. Estávamos no início do mês de setembro e, depois de muito trabalho para remover as cerca de 40 paletes dos contentores, a PJ confirmou as suspeitas. Entre as bananas estavam ocultadas mais de 4,4 toneladas de cocaína, exportadas por um cartel internacional que deverá ter operacionais a atuar em Portugal. 

Na altura, nada foi revelado. Todavia, mais de dois meses passados - tempo usado para a realização de diligências importantes para a investigação - a PJ anunciou a operação “Âncora”, num comunicado que garante que nenhuma detenção foi feita em território nacional, mas que salienta que a investigação prossegue em colaboração com Polícias de outros países.

Scanner avariado em Lisboa atrai traficantes

Só este ano, foram apreendidas cerca de 20 toneladas de cocaína enviadas, por barco, do Equador para Portugal. Toda a droga pertencia a cartéis distintos, mas estava sempre escondida em caixas de bananas.
Tal como o JN adiantou em outubro, este tem sido um método recorrente entre as organizações criminosas que, à lei da bala, tomaram conta do Equador e têm vindo a apostar no porto de Lisboa como uma das portas de entrada da cocaína na Europa. 

A avaria do único scanner usado em Lisboa para vistoriar contentores é uma das razões apontadas por polícias e especialistas em narcotráfico para justificar esta estratégia.