Cinco indivíduos foram detidos por suspeita de várias tentativas de homicídio, assaltos e venda de armamento.
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A Polícia Judiciária de Braga declarou na terça-feira guerra aos gangues que, a partir dos bairros, vêm aterrorizando a cidade. Em simultâneo, partiu para o desmembramento de uma rede de tráfico de armas onde os bandidos se abasteciam. Cinco indivíduos foram detidos, por suspeitas, entre outras, de homicídio, assaltos e tráfico de armas.
Os inspetores de Braga, com o apoio da Diretoria do Norte e da PSP, também fizeram dezenas de buscas. Os principais visados foram os líderes dos gangues das "Enguardas" e do "Picoto", a quem a investigação imputa tentativas de homicídio, em sucessivos ajustes de contas, a tiro, inseridos numa "guerra de território" que, a partir de três bairros sociais, se espalhou pela cidade, chegando a zonas mais nobres.
A operação da PJ aconteceu dez meses após o primeiro de uma série de "ajustes de contas" feitos ao som de disparos de armas de guerra e que só não provocaram mortes "por mero acaso".
Na investigação aos gangues, que farão negócio com o tráfico de droga, a PJ procurou quem lhes fornecia o armamento, chegou a um ex-empresário do setor dos ginásios, que ontem deteve.
A guerra pelos territórios de Braga tem na sua génese o tráfico de droga, mas tomou outras proporções, violentas, quando a companheira de um dos líderes do "Grupo das Enguardas" passou a privar com um destacado elemento do "Grupo do Fujacal". Terá sido a "provocação maior", diz-se naqueles meandros.
O primeiro tiroteio contra rivais aconteceu na noite de 5 de setembro de 2020, quando os ocupantes de um carro que circulava na Praça dos Arsenalistas, coração do Bairro do Fujacal, abriram fogo contra dois rivais, Henrique L. Marquês e Ricardo Queiroz. Foram todos atingidos, mas conseguiram recuperar.
Em 18 de março deste ano, após uma ida do Grupo do Fujacal ao Bairro das Enguardas, os visados partiram na sua perseguição e acabaram a crivar de balas a residência dos pais de um dos líderes do Fujacal.
A última situação grave verificou-se já na madrugada de 29 de maio, na zona dos bares de Braga, onde foi baleado Elton Mapiche, alegadamente do "Grupo do Fujacal".
Protagonista
Traficante poderá estar ligado à extrema-direita
Luís, o "Simpson", foi um dos detidos ontem pela PJ, que suspeita que o mesmo seja o fornecedor de armamentos aos gangues violentos da cidade. O antigo empresário ligado aos ginásios e aos negócios da noite é ainda suspeito de ter alargado o negócio de armas a várias localidades do Minho e à Área Metropolitana do Porto. "Simpson", que se vangloria de "viver dos rendimentos", tem também, segundo fonte do submundo minhoto, "fortes vínculos" a indivíduos e movimentos da extrema-direita, onde, acrescenta a mesma fonte, "navega à vontade" e aproveita para "fazer crescer o seu negócio".