Polícias pedem explicações e convocam manifestação de apoio a ex-diretor nacional
O afastamento do superintendente José Barros Correia da Direção Nacional da PSP está a ser visto com grande surpresa e preocupação pelos sindicatos policiais. Um movimento espontâneo exigiu explicações ao Governo e convocou uma manifestação de apoio ao ex-diretor para as 20 horas, em frente ao Parlamento.
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Nomeado há menos de um ano, a exoneração de Barros Correia apanhou de surpresa as várias estruturas sindicais da PSP. Visto como “próximo dos polícias”, “justo” e “verdadeiramente preocupado” com os seus homens, tendo inclusivamente apoiado a luta pelo suplemento de missão, o superintendente já explicou, numa missiva interna, que o seu afastamento se deve à “exclusiva iniciativa” da ministra da Administração Interna, Margarida Blasco.
José Barros Correia vai ser substituído pelo superintendente Luís Carrilho, comandante da Unidade de Especial de Polícia desde outubro de 2023. O Ministério da Administração Interna (MAI) refere que "esta decisão de indigitação surge no âmbito da reestruturação operacional da PSP, quer no plano nacional, quer no plano da representação institucional e internacional desta força de segurança pública".
A substituição apanhou de surpresa os polícias que viam em Barros Correia um aliado na sua luta por um suplemento de missão. Nas redes sociais, um movimento espontâneo convocou para as 20 horas desta terça-feira uma manifestação de apoio ao ex-diretor nacional.
Motivos da saída são desconhecidos
Os sindicatos da PSP frisam que não está em causa o nome de Luís Carrilho, mas sim os motivos da saída de Barros Correia que o Governo ainda não esclareceu. “Desconhecemos se é uma opção política, desconhecemos se há razões que levaram a senhora ministra e o Governo a demitir o senhor diretor nacional. Não sabemos se tem que ver com aquilo que é a estratégia que o Governo tem para a PSP e para a segurança interna", disse Paulo Santos, presidente da Associação Sindical dos Profissionais da Polícia (ASPP).
Face a este desconhecimento, o líder sindical considerou ser "prematuro" tecer qualquer comentário adicional."Era importante que a senhora ministra da Administração Interna dissesse as razões que estão subjacentes a esta decisão“, apelou Paulo Santos.
O presidente do Sindicato Nacional dos Oficiais de Polícia (SNOP) também se manifestou "extremamente surpreendido" com a exoneração, sublinhando que, nos poucos meses no cargo, o superintendente-chefe José Barros Correia foi "verdadeiramente preocupado com os polícias".
Bruno Pereira, que também é porta-voz da plataforma que congrega as estruturas dos sindicatos da PSP e associações da GNR, frisou ainda que Barros Correia estava a ser "um diretor próximo dos polícias e verdadeiramente preocupado com os polícias, sendo eles o seu principal ativo".
Manifestação de apoio de forma espontânea
O presidente do SNOP adiantou ainda que a manifestação dos polícias terá sido convocada de forma muito espontânea. “É um ato de solidariedade dos polícias para com o seu diretor nacional, mostra bem a legitimidade, a força e a forma como os polícias encaravam o senhor diretor nacional, enquanto o primeiro dos polícias, enquanto o nosso líder, enquanto representante desta instituição”, considerou.
Também o presidente do Sindicato Nacional da Polícia (Sinapol) realçou a surpresa da exoneração, mais ainda num momento “tão crucial” em que os sindicatos aguardam uma "proposta séria" do Governo para iniciar o processo negocial.
"Até porque [este processo] ainda não tem nenhuma base substancial, para se poder dizer que há mesmo um processo negocial. Há uma intenção negocial, eu chamo-lhe assim, da parte do Governo", frisou, considerando as propostas do Governo apresentadas na última reunião "sem qualquer base negocial".