Estudo revelado em congresso na Eurocop aponta para 149 elementos que puseram termo à vida desde o ano 2000. Agressões aumentaram.
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A taxa de suicídio entre os elementos das forças de segurança portuguesas é das mais altas da Europa. Desde 2000, 149 polícias puseram termo à vida, de acordo com um estudo apresentado esta quarta-feira em Gaia, no Congresso da Eurocop (confederação de sindicatos de polícias de 27 países europeus). O mesmo estudo aponta para um aumento exponencial de agressões a agentes da PSP e da GNR.
"Infelizmente, em Portugal, estamos na primeira linha da Europa em suicídios. Abaixo de nós, estão as polícias francesas e espanholas", explicou ao JN Miguel Rodrigues, dirigente do Sindicato Independente dos Agentes de Polícia (SIAP), que organizou o congresso, e autor do estudo, que não quantifica ao certo a posição de Portugal, embora a insira na categoria de países da União Europeia com mais suicídios.
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O chefe da PSP, também professor universitário, analisou cientificamente os últimos 110 casos de suicídios na PSP e na GNR para chegar à conclusão de que as vítimas são maioritariamente do sexo masculino, com idades entre 38 e 40 anos e puseram termo à vida com a arma de serviço.
Tiros na cabeça
"Os disparos são essencialmente na cabeça, por serem efetivamente letais. O local onde prestam serviço e o local onde consumaram o suicídio é, em muitas situações, diferente. Normalmente, é consumado no local de residência, embora haja alguns casos de suicídio no trabalho. Escrutinamos algumas situações em que o elemento estava fora de serviço e foi ao local de trabalho para se fardar. Depois, suicidou-se. Os motivos têm a ver com o serviço", explicou, identificando medidas para travar o fenómeno: "melhorar condições de trabalho, vencimentos, mais apoio das chefias, mais facilidades de deslocação para perto das famílias e até apoio da própria sociedade".
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Esta quarta-feira, António Gomes, representante do Ministério da Administração Interna, assegurou que o Governo tem em desenvolvimento um plano que irá contemplar o problema.
O estudo, financiado pelo SIAP, também apurou que de 2017 para 2018 o número de agressões a elementos das forças de segurança foi multiplicado por cinco: 216 casos para 1019.
"Temos uma evolução abismal e a tutela não veio dar respostas. Os criminosos atuam com sentimento de impunidade porque sabem que nada lhes vai acontecer", explicou Miguel Rodrigues.