Jorge Moreira, que está acusado pelas autoridades do Líbano de ser um dos responsáveis pela explosão no porto de Beirute, que matou 215 pessoas, foi interrogado por um juiz espanhol. No final, foi libertado, mas não pode sair de Espanha.
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O português detido no aeroporto de Santiago do Chile e reencaminhado para Espanha já está em liberdade. Jorge Moreira, acusado pelas autoridades do Líbano de ser um dos responsáveis pela explosão no porto de Beirute que, em 2020, matou 215 pessoas, foi solto, nesta quinta-feira, após ter sido interrogado pelo juiz espanhol, mas está proibido de sair de Espanha e foi obrigado a , entregar o seu passaporte. Tem ainda de comparecer semanalmente num tribunal.
O administrador de empresas, de 43 anos e residente em Paços de Ferreira, enfrentará, a partir de agora, um processo de extradição semelhante ao que decorreu em Portugal. As autoridades espanholas vão esperar pelo pedido dos magistrados libaneses e só depois decidirão se voltam a deter Jorge Moreira para dar cumprimento à extradição para o Líbano
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Mas, tal como decretou o Tribunal da Relação do Porto, também os tribunais de Espanha deverão rejeitar entregar Jorge Moreira à Líbia, optando pelo arquivamento do pedido de extradição. A decisão de libertar o português, aliada a uma acusação libanesa considerada pouco sustentada, levam várias fontes contactadas pelo JN a antecipar esta decisão.
"Alerta vermelho" continua em vigor
Tal como o JN avançou nesta quarta-feira, o português foi detido à saída de um voo proveniente de Madrid, com base num "alerta vermelho" emitido pela Interpol. Alerta que continua em vigor em mais de uma centena de países, apesar de o caso ter sido arquivado em Portugal. Ou seja, o gestor pode ser detido novamente se voltar a viajar para o estrangeiro.
Para os libaneses, Jorge Moreira é suspeito de introdução de matérias explosivas no país, homicídio intencional, ato de terrorismo levando à morte, danificação de máquinas com o objetivo de afundar embarcação causando várias mortes e intervenção criminal e contravenção, crimes que lhe podiam custar "uma pena máxima de prisão perpétua". Tudo porque foi ele que, enquanto funcionário da Fábrica de Explosivos de Moçambique, encomendou 2,7 toneladas de nitrato de amónio que nunca chegaram ao destino.
Oriundo da Geórgia, o composto químico usado como fertilizante na agricultura, mas que também é frequentemente utilizado no fabrico de explosivos para rebentar minas ou pedreiras, ficou retido no porto de Beirute e ali ficou armazenado durante seis anos. Até que um trabalho de manutenção ao portão do armazém 12, onde estava guardado o nitrato de amónio, causou, na manhã de 4 de agosto de 2020, aquela que foi considerada uma das maiores explosões não nucleares da história.