António Silva Campos está acusado de crimes de perseguição agravada, injúrias e ameaça agravada, na sequência de divórcio litigioso.
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Agrediu e insultou a filha, ameaçou de morte e insultou a ex-mulher e o cunhado. É o que diz a acusação contra o presidente do Rio Ave, António da Silva Campos. Ontem, na primeira sessão do julgamento, no Tribunal de Vila do Conde, o arguido não quis falar. É mais um episódio num divórcio litigioso, que já levou à falência de uma das maiores construtoras do país - a ASC (ver caixa) -, soma queixas e processos judiciais e continua a fazer desmoronar o "império" Campos.
"Seus filhos da p..., só ides parar quando eu vos matar", "cabrita", "eu desfaço-te". São apenas alguns dos insultos e ameaças que, segundo o Ministério Público, Diana ouviu ao longo de mais de três anos. A filha de António da Silva Campos era administradora do Santana Hotel & SPA, propriedade de uma das empresas da família. Garante que vivia num clima de "agressividade, humilhação e permanente intimidação", que culminou, a 4 de dezembro de 2018, com a agressão.
O presidente do Rio Ave é suspeito de a ter insultado, ameaçado de morte e agredido no seu gabinete. A jovem acabou socorrida por funcionários da unidade hoteleira, que, segundo a acusação, terão evitado males maiores. Na sequência dos comportamentos do arguido, Diana terá desenvolvido "síndrome psíquica com sintomatologia ansiosa e depressiva grave". O pai nunca mais a deixou entrar no hotel.
António da Silva Campos está acusado de sete crimes: perseguição agravada, injúrias e ofensas à integridade física a Diana, três crimes de ameaça agravada à ex-mulher e um crime de ameaça agravada ao cunhado.
Noutro processo, a ex-mulher acusa-o de injúrias: enxovalhou-a e humilhou-a no restaurante do hotel, onde Manuela foi almoçar com uma amiga. A acusação diz que o presidente do Rio Ave queria obrigá-la (ela que também é dona do hotel e faz parte da administração) a pagar a conta.
O casal separou-se em 2013, após mais de 30 anos de casamento. O divórcio e as partilhas dividem a família até hoje. Diana garante que o pai "lhe fez a vida negra" por defender a mãe. Manuela garante que ficou "sem nada" e ainda hoje não consegue dividir os bens. No grupo ASC, há cinco empresas na área da construção civil e a que gere o Santana Hotel & SPA.
ASC entrou em insolvência com 25,7 milhões de dívidas
Em 2017, Silva Campos tentou destituir a ex-mulher e os três filhos da administração da ASC. Pouco depois, a construtora entrou em insolvência: 25,7 milhões de dívidas, 858 credores, salários em atraso. Em 2018 e 2019, os credores chumbaram dois processos especiais de revitalização. Ao JN, o próprio Campos admitia que fora o seu "divórcio litigioso a originar a situação". A empresa acabou a despedir 85 e fechou portas. A falência arrastou para a ruína dezenas de subempreiteiros. O património do casal e da ASC - entre eles moradias em Mindelo, Esposende, apartamentos no Porto, Portimão e Alvor, uma quinta em Porto de Lagos, a fábrica e mais dois lotes em Guilhabreu - estão penhorados, alguns já vendidos, "a preço de saldo".