José Paulo Pinto de Sousa, primo do ex-primeiro-ministro José Sócrates (2005-2011), chegou esta terça-feira em silêncio ao Tribunal Central de Instrução Criminal, em Lisboa, para ser interrogado pelo juiz Ivo Rosa na instrução da Operação Marquês.
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Será a primeira vez que José Paulo Pinto de Sousa, acusado pelo Ministério Público (MP) de dois crimes de branqueamento de capitais, vai prestar declarações neste processo. A diligência, agendada para as 14 horas, decorre à porta fechada.
De acordo com a acusação, o arguido, de 56 anos, é suspeito de ser um dos testas de ferro que terão permitido a Sócrates receber, através de contas controladas pelo primo na Suíça, nove milhões em alegadas luvas de Ricardo Salgado, ex-presidente do Banco Espírito Santo e igualmente arguido no processo.
Destes, pelo menos dois milhões de euros terão sido depois entregues em numerário ao antigo governante, entre maio de 2006 e dezembro de 2007, em Portugal.
No total, diz o MP, Salgado terá feito chegar ao ex-primeiro-ministro mais de 20 milhões de euros para este beneficiar, com recurso à "golden share' do Estado, os interesses do Grupo Espírito Santo na Portugal Telecom, de capitais parcialmente públicos. Dizem-se ambos inocentes.
O processo conta, ao todo, com 28 arguidos, acusados globalmente de 188 crimes de corrupção, branqueamento de capitais e fraude fiscal, entre outros ilícitos. Destes, 19 tentam, nesta fase, evitar ir a julgamento.