Projeto que é "referência nacional" sem edifício próprio para combater violência doméstica
Comandante da PSP do Porto pediu instalações para concentrar equipas de combate à violência doméstica. Ministro da Administração Interna pediu ajuda ao presidente da Câmara do Porto e Rui Moreira lembrou instalações do Estado no Porto que foram "alienadas" para encher cofres públicos
Corpo do artigo
Um projeto considerado, pelo ministro da Administração Interna, Eduardo Cabrita, uma "referência nacional" no combate à violência doméstica não dispõe de um edifício onde possa concentrar meios para ser ainda mais eficaz. Nesta quinta-feira, no Dia Internacional para a Eliminação da Violência contra as Mulheres, a comandante da PSP do Porto, Paula Peneda, pediu ajuda ao governante e ao presidente da Câmara do Porto, Rui Moreira, mas cada um deles "empurrou" para o outro a cedência de um espaço para acolher, simultaneamente, o Gabinete de Atendimento e Informação à Vítima (GAIV) e os 12 agentes da Investigação Criminal da PSP dedicados, em exclusivo, à violência doméstica.
"Seria nossa intenção juntar estas duas unidades num único edifício. A vítima seria menos vítima, porque não teria de se deslocar a dois sítios diferentes para prestar declarações. Temos recursos e meios para o fazer, mas não temos um edifício", alertou a superintendente Paula Peneda durante a visita que, esta quinta-feira, o ministro da Administração Interna efetuou ao GAIV, a funcionar na esquadra do Bom Pastor, no Porto.
Na resposta, Eduardo Cabrita considerou o GAIV uma "referência nacional", que tem "consolidado o seu trabalho [no combate à violência doméstica] nos últimos oitos anos". Contudo, não se comprometeu com uma proposta, preferindo "empurrar" a resolução do problema para Rui Moreira. "Se o presidente da Câmara do Porto nos ajudar podemos encontrar uma solução. É um desafio que iremos enfrentar", disse.
Já no final da cerimónia e confrontado pelo JN, o autarca portuense mostrou "disponibilidade" para colaborar, mas lembrou que o "Estado tem, na cidade do Porto, muitas instalações". Algumas das quais, realçou, têm sido "alienadas" unicamente para arrecadar verbas para os cofres públicos.