
Imagens da violência da noite de terça-feira
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Adeptos croatas entraram em Portugal por via terrestre para fugir ao controlo das autoridades.
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Sem cachecóis ou adereços alusivos à equipa croata, os membros da perigosa claque Torcida Split causaram distúrbios e lançaram o pânico no Centro Histórico de Guimarães, destruindo esplanadas e envolvendo-se em confrontos com a PSP. As autoridades acreditam que os conflitos foram premeditados na Croácia, dias antes da partida de futebol, com o apoio de violentos adeptos portugueses conhecidos como "Casuals", afetos aos No Name Boys, do Benfica.
De acordo com informações recolhidas pelo JN, a polícia croata partilhou com a PSP muita informação sobre a violenta claque do Hajduk Split, até porque este grupo de adeptos organizados da Croácia está "geminado" com os No Name Boys há mais de 20 anos e previa-se que adeptos portugueses pudessem auxiliar os "irmãos".
O jogo foi considerado de alto risco pela PSP, mas a ajuda de adeptos portugueses que conheciam bem a cidade terão ajudado a iludir os dispositivos de controlo.
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Ontem, o Ministério da Administração Interna afirmou que "há indícios de que os adeptos organizaram a sua chegada ao país de forma a não serem detetados pelas autoridades e que os incidentes ocorridos ontem à noite em Guimarães foram organizados com elevado grau de premeditação, com participação de membros de pelo menos um grupo organizado de adeptos nacional".
Ainda segundo apurámos, através da troca de mensagens encriptadas, os elementos das duas claques marcaram encontros em Guimarães, anteontem, reunindo assim vários pequenos grupos de adeptos que estariam dispersos.
Os distúrbios começaram cerca das 22.30 horas no Centro Histórico de Guimarães, com rebentamento de petardos nas esplanadas, causando medo e obrigando os clientes de bares e restaurantes, incluindo muitas crianças, a fugir.
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Procuravam adeptos
"Só tivemos tempo de fugir para dentro e ajudar as pessoas mais frágeis", relata João, empregado no restaurante Buxa. Os adeptos não mostraram intenção de fazer mal às pessoas. "Eles pensavam que iam encontrar aqui a claque do Vitória, era para isso que vinham", afirma. "Entre eles, havia portugueses, ouvi-os a falar e houve um que abriu o casaco e exibiu a t-shirt dos "No Name Boys"", garante uma testemunha.
Ao que tudo indica, por não ter encontrado adeptos do Guimarães, o grupo dirigiu-se ao Porto. Porém, os cinco autocarros foram fiscalizados, já na VCI, pela PSP que convenceu os 154 indivíduos identificados (entre eles 23 portugueses) a regressarem a Vila do Conde, onde a maioria estava hospedada. Na Ribeira, no Porto, umas dezenas de membros dos Super Dragões já estavam à espera. Em Santo Tirso, carros de adeptos croatas foram vandalizados.
Câmara acusa polícias, PSP defende-se
O presidente da Câmara de Guimarães, Domingos Bragança, responsabilizou a descoordenação entre polícias, nomeadamente com os agentes croatas que estão em Portugal, pelos incidentes. "Os adeptos deste clube têm esta má reputação, têm cadastro e não houve planificação. Algo falhou", acusou, em conferência de Imprensa. À mesma hora, o comissário Vítor Silva esclarecia que a PSP reagiu às "denúncias" da população, seguindo os adeptos, e quando estes fugiram para os autocarros, foram barrados e identificados numa zona segura. O oficial garantiu ainda que o município tinha sido informado da necessidade de retirar as esplanadas das ruas.
