O Tribunal de Lisboa condenou esta sexta-feira quatro jovens de um gangue da Quinta da Mira pelo homicídio de Rafael Vaz Lopes, membro de um gangue rival, no Metro das Laranjeiras, em outubro de 2021. É a primeira condenação por homicídio na vaga de crimes violentos que envolvem gangues juvenis na Grande Lisboa.
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Os quatro arguidos, com idades entre os 17 e 18 anos, foram condenados a penas entre 14 e 17 anos de prisão.
Apesar de apenas um, Leonardo, ter sido o autor do esfaqueamento mortal, o tribunal considerou que todos participaram no planeamento e execução do crime. "Todos tinham capacidade para travar as agressões se assim o quisessem, mas não o fizeram e deixaram a vítima em agonia, fugindo do local do crime", considerou o juiz presidente.
Na origem do crime, de acordo com o tribunal, estava um ajuste de contas entre os homicidas, que pertencem ao grupo ITF, e a vítima, que pertence ao grupo 200 Niggaz, da Cova da Moura. Rafael tinha esfaqueado nas costas um dos membros do grupo rival um ano antes, em outubro.
Os quatro arguidos foram detidos pouco depois do crime. Foram identificados nas câmaras de videovigilância do metro e usaram os seus passes pessoais para se deslocarem ao metro das Laranjeiras.
Os quatro arguidos defenderam em tribunal que não queriam matar a vítima, apenas agredi-la em vingança pelo ocorrido um ano antes, mas o tribunal condenou-os pelo crime de homicídio qualificado.
No dia do homicídio, os quatro dirigiram-se ao metro das Laranjeiras, onde sabiam que a vítima ia estar depois de sair do externato que frequenta a cem metros do local. Já lá, avistaram-na, separaram-se em dois grupos e um dos agressores, o que foi esfaqueado, Pedro, abordou a vítima à entrada do metro.
Os dois envolveram-se em confrontos físicos e, pouco depois, Leonardo acercou-se da vítima e desferiu-lhe dois golpes nas costas. Rafael fugiu para a plataforma do metro, mas Leonardo perseguiu-o e esfaqueou-o novamente no peito, matando-o.
Os dois suspeitos puseram-se em fuga e, a estes, juntaram-se os outros dois, que estavam noutro ponto da plataforma para evitar a eventual fuga da vítima. Cristiano e Denilson retiraram o telefone à vítima enquanto esta agoniava na plataforma.
Os quatro fugiram e deitaram a arma fora no Lumiar. Foram detidos pouco depois em casa no Casal da Mira pela Polícia Judiciária de Lisboa.
À saída do tribunal, Pedro Madureira, advogado de Denilson, um dos arguidos, anunciou que vai recorrer da pena. Entende que o crime de homicídio qualificado não deve ser imputado a Denilson porque não foi ele que desferiu os golpes e que não havia qualquer plano prévio para matar a vítima, mas sim agredi-la.