O jovem de 14 anos que acusa um padre da Diocese de Viseu de o ter assediado sexualmente foi ouvido na segunda-feira no inquérito, para memória futura.
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O testemunho do menor foi feito perante um juiz de instrução criminal. Para além da alegada vítima, também o sacerdote esteve ontem no edifício do palácio de justiça de Viseu, apesar de não ter qualquer diligência marcada. O caso acabou por obrigar a algumas manobras para que os dois não se cruzassem nos corredores.
O pároco, Luís Miguel, de 46 anos, quebrou o silêncio no fim de semana, numa mensagem enviada a amigos e conhecidos e numa publicação que fez nas redes sociais, onde nega o crime de pedofilia. "Apetecia-me dizer em bom português: vão chamar pedófilo à p*** que os pariu, mas sou educado sempre fui e serei sereníssimo como a República de Veneza", escreveu, na madrugada de domingo.
O caso está em segredo de justiça. O sacerdote disse que não vai violar esse princípio e, para "os seus amigos", garantiu que não mente, não inventa, mas salientou que o que é demais "é moléstia".
"O meu silêncio manter-se-á porque é o maior e melhor aliado da inocência e da justiça. Respeito e confio na Justiça", argumentou, avisando ao mesmo tempo que irá apresentar, no devido tempo, queixas-crime "contra quem mente e calunia" de forma "inqualificável". "Quem me quer destruir ou deseja vender jornais sensacionalistas, à custa da minha honra e do meu bom nome, encontrou aqui granito muito duro! Garanto!"
Na mesma publicação apelou ainda a quem esteja do seu lado para lhe enviar mensagens privadas, sustentando que "é nestas alturas que os amigos se conhecem".
As suspeitas que recaem sobre o sacerdote foram conhecidas na semana passada e abalaram o seio da Igreja. A vítima terá recebido mensagens de cariz sexual do pároco durante um almoço convívio numa adega, onde estava também o seu pai. O jovem não gostou das investidas do padre e denunciou-o ao progenitor que, entretanto, apresentou uma queixa no Ministério Público (MP).
Foi também feita uma denúncia à Comissão Diocesana de Proteção de Menores e Adultos Vulneráveis da Diocese que, depois de ouvir todos os envolvidos, enviou o processo para a Santa Sé.
O Bispo de Viseu, D. António Luciano, optou por afastar o suspeito de todas as funções que exercia, na paróquia e em outras instituições do clero. O sacerdote solicitou também um ano sabático, alegando motivos pessoais e de saúde.