Os trabalhadores explorados pela rede criminosa desmantelada pela Polícia Judiciária, na quarta-feira, em Beja, Cuba, Serpa e Ferreira do Alentejo, viviam um clima de medo e terror, porque não só eles eram alvo de ameaças físicas e psicológicas, como também as suas famílias, nos países de origem, sofriam o mesmo tipo de intimidações, apuraram já os investigadores.
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Com aquele comportamento, os líderes da rede e os seus "capatazes" procuravam evitar qualquer tipo de contestação e mesmo denúncias às autoridades sobre as condições de escravidão em que viviam, com partilha de casas e de trabalhos que, muitas vezes, não eram sequer remunerados.
Segundo apurou o JN, a rede criminosa estava organizada em três grupos, que se ligavam entre si e tinham uma composição familiar, permitindo gerir os proveitos monetários gerados pelo trabalho dos explorados, na maioria das vezes em proveito próprio.
Exemplo prático desta situação tem a ver com a família liderada por Madalin Ion - um romeno que foi notícia por ter regado a cônjuge com gasolina -, que viu a mulher, o filho, o genro e um irmão deste serem todos detidos pela PJ.
Os 35 detidos - seis eram portugueses, incluindo uma solicitadora - começaram ontem a ser ouvidos no Tribunal Central de Instrução Criminal, em Lisboa, para aplicação de medidas de coação.