Rede internacional escondeu 260 quilos de cocaína em garrafas de cerveja artesanal
Droga chegou ao Aeroporto Francisco Sá Carneiro, no Porto, diluída em água e dentro de garrafas de cerveja artesanal. Traficante detido após longa perseguição era elo de ligação entre a estrutura portuguesa e sul-americana.
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Uma rede internacional radicada em Portugal e com ligações ao Brasil criou empresas de fachada, sobretudo do ramo alimentar, para introduzir cocaína em território nacional. No último caso detetado, 260 quilos de droga vinham diluídos em água, que sobrevoou o Oceano Atlântico dentro de garrafas de cerveja artesanal. O método, porém, não iludiu a Autoridade Tributária e Aduaneira do Aeroporto Francisco Sá Carneiro, no Porto, e um dos elementos da organização foi detido, esta semana, pela Polícia Judiciária (PJ), após uma longa perseguição que só terminou com o capotamento do carro em fuga.
As 60 caixas de cerveja artesanal foram encomendadas por uma empresa dedicada ao comércio de produtos alimentares, localizada no Alentejo, e chegou ao Aeroporto Francisco Sá Carneiro no porão de um avião que fez a viagem entre São Paulo, no Brasil, e o Porto. Devia ter seguido, de imediato, para as instalações da empresa, mas os serviços alfandegários da Autoridade Tributária e Aduaneira desconfiaram daquela carga e alertaram a PJ do Porto.
Tentou abalroar inspetores para fugir
Levada uma amostra da alegada cerveja para o Laboratório de Polícia Científica da PJ, as análises revelaram que se tratava de cocaína, com um elevado grau de pureza, diluída em água. A PJ montou, então, uma operação que, durante três dias, manteve os inspetores a seguir de perto as 60 caixas de cerveja artesanal.
Até o transporte das caixas entre o aeroporto e a sede da empresa foi acompanhado pela Judiciária, que também se manteve a vigiar o local onde a encomenda foi entregue. Portanto, quando o comerciante, natural do Brasil mas com nacionalidade portuguesa e a viver há largos anos em território nacional, se deslocou à empresa para recolher os 260 quilos de cocaína foi abordado pelos inspetores.
Mesmo assim, conseguiu abandonar o local depois de tentar abalroar os elementos da PJ e ainda se manteve em fuga durante cerca de 30 minutos. A perseguição só terminou quando o fugitivo perdeu o controlo do automóvel e este despistou-se e capotou. Nesta altura, e antes de ser levado ao hospital para ser tratado a ferimentos ligeiros, foi detido.
Traficante em prisão domiciliária
Já com penas de prisão cumpridas por tráfico de droga, o detido é visto como um membro importante, e o elo de ligação entre as estruturas sul-americana e portuguesa, de uma organização criminosa que cria empresas apenas com o intuito de traficar cocaína entre o Brasil e Portugal. Ficou em prisão domiciliária e obrigado a usar uma pulseira eletrónica no final do primeiro interrogatório judicial.
As empresas pertencentes à organização agora sinalizada começavam por realizar encomendas totalmente legais para iludir as autoridades. Contudo, as compras seguintes já eram efetuadas com o único propósito de esconder cocaína nos produtos alimentares importados.
Este rede, composta essencialmente por elementos sul-americanos, atua de Norte a Sul do país e tem sido responsável, acredita a investigação, pela introdução de grandes quantidades de cocaína em território nacional.