O Tribunal da Relação do Porto negou a pretensão do Ministério Público em julgar o denunciante do caso "Cashball" Paulo Silva, que servia de intermediário, o empresário de jogadores João Mira Gonçalves e o assistente administrativo principal do Gabinete de Apoio ao Jogador do Sporting, Gonçalo Rodrigues, por um total de 14 crimes de corrupção.
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Em maio, o Tribunal de Instrução Criminal do Porto entendeu haver indícios suficientes para pronunciar o denunciante Paulo Silva por apenas três crimes de corrupção ativa, e o empresário João Mira Gonçalves e o funcionário do SCP Gonçalo Rodrigues por um crime de corrupção ativa agravada. Em causa estavam as abordagens, em abril de 2017, a dois árbitros de andebol, aliciados para prejudicar o F. C. Porto e beneficiar o Sporting no campeonato desta modalidade.
O juiz também considerou haver indícios seguros para julgar Paulo Silva por ter oferecido 25 mil euros ao então central do futebol do Grupo Desportivo de Chaves, Leandro Freire, para este "facilitar" em jogos contra os leões, deixando de fora outros 11 crimes.
O MP recorreu na tentativa de que fossem também julgados por terem tentado comprar quatro jogadores de futebol da Liga principal para favorecer o Sporting no início da época 2017/2018.
As tentativas, vistas pelo juiz de instrução como meros atos preparatórios sem consequência penal, merecem, para o MP, ser censuradas, uma vez que apenas a última parte do plano falhou, isto é, a abordagem aos árbitros e jogadores por Paulo Silva. Todos os atos anteriores são, por isso, condutas que têm de ser qualificadas como corrupção desportiva na forma tentada, defende a magistrada.
"Tais ações levadas a cabo pelos três arguidos, em comunhão de vontade e de esforços, em obediência ao plano inicial e sem qualquer desvio a este, são verdadeiros atos de execução de crimes de corrupção ativa", garante o MP.
Mas a Relação decidiu dar razão ao juiz de instrução e entender que os atos alegadamente praticados pelos arguidos não passavam de atos preparatórios, que não foram concretizados.