Rui Pinto não colaborou mais cedo por não ter garantia de que não seria incriminado
A possibilidade de Rui Pinto colaborar ainda na fase de inquérito do processo em que o hacker está a ser julgado caiu sistematicamente num impasse, por nunca ter sido dada a garantia ao arguido de que não seria incriminado pelo conteúdo dos discos que encriptara e que as autoridades não conseguiam abrir.
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"Como [a questão da autoincriminação] não era ultrapassada, fechava-se o auto, sem resultado", frisou esta quinta-feira, em tribunal, José Amador, inspetor da Polícia Judiciária (PJ) que acompanhou os primeiros interrogatórios, em Lisboa, ao gaiense, de 31 anos.
Rui Pinto, assumido criador do Football Leaks e presumível fonte dos Luanda Leaks, foi detido em janeiro de 2019 na Hungria, onde residia, e extraditado para Portugal dois meses depois. Na bagagem, vinham 12 discos rígidos, dos quais só dois foram abertos, sem ajuda, pela PJ.
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O conteúdo dos restantes - que poderão constituir indícios de crimes de outras entidades e pessoas - foi tornado acessível pelo arguido, já depois de, em 2020, ser certo que seria julgado por 89 crimes e um de tentativa de extorsão. Desde então o autointitulado denunciante tem estado a colaborar noutros inquéritos.
"Temos condições para ir além [da abertura dos discos encriptados]", reconheceu, enquanto testemunha, José Amador.
O julgamento continua a partir das 14 horas desta quinta-feira, no Tribunal Central Criminal de Lisboa, com a audição de José São Bento, inspetor especialista da PJ.