José Amador, inspetor da Polícia Judiciária (PJ), testemunhou esta quinta-feira que não foi encontrada outra fonte de rendimento de Rui Pinto além de, aparentemente, a negociação de livros em leilões.
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"Os valores eram tão despiciendos, que, se aquilo era a fonte de rendimento, o arguido devia viver muito mal", desabafou o inspetor, que, em março de 2019, acompanhou Rui Pinto da Hungria, onde este fora detido dois meses antes, até Lisboa.
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Amador precisou que, segundo as instituições de crédito húngaro, o arguido não tinha qualquer conta naquele país. "Não foram recolhidos elementos que permitam indiciar quaisquer atividades ilícitas", sublinhou.
Questionado pelo tribunal se foram feitas diligências relativamente a moeda digital, o inspetor respondeu que não.
"Na análise que fizemos dos dispositivos não encontrámos nada", adiantou a testemunha, salientando que, sem o endereço de uma carteira de criptomoeda, a investigação seria bastante difícil. Admitiu, contudo, que, dadas as suas competências informáticas, Rui Pinto saberia como fazer "circular" a moeda digital.
O assumido criador do Football Leaks está a ser julgado, em Lisboa, por 89 crimes informáticos e um de tentativa de extorsão. Na primeira sessão do julgamento, a 4 de setembro de 2020, definiu-se como "whistleblower" (denunciante) e garantiu que tudo o que fez foi por "um bem maior".
Na ocasião, Rui Pinto assegurou ainda que nunca recebeu "qualquer verba" pelos seus atos.
Esta quinta-feira, Amador descreveu como "modesto" o bairro onde o gaiense, de 31 anos, vivia em Budapeste, capital da Hungria. "Aquele distrito tinha algumas zonas menos recomendáveis", precisou.
O julgamento continua esta quinta-feira à tarde, com a inquirição, enquanto testemunha, de José São Bento, inspetor especialista da PJ.