Marcus Acuña foi atacado assim que os agressores entraram no balneário da Academia de Alcochete. "Quatro ou cinco dirigiram-se a mim, levei uma chapada e murros e pontapés".
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O jogador argentino presta testemunho esta terça-feira através de vídeo-conferência no Tribunal do Montijo aos juízes no Tribunal de Monsanto, relatando que enquanto era agredido, foi alvo de ameaças de morte. "Disseram-me que me iam matar, que sabiam onde vivia e onde os meus filhos iam à escola", disse Marcus Acuña, acrescentando que os agressores exigiram que tirasse a camisola, pois "não merecia vesti-la".
No início da invasão, Acuña estava no balneário junto à porta de saída. "Ouvi companheiros meus a dizer que vinham os adeptos, tentei olhar pela janela, mas já os agressores tinham entrado".
Entraram 30 ou 40 de cara tapada
Marcus Acuña conta aos juízes que os seus companheiros, entre os quais William Carvalho, tentaram fechar a porta para impedir a entrada dos invasores, mas sem sucesso. "Entraram 30 ou 40 de cara tapada". Os agressores chamaram por Battaglia, Acuña, Rui Patrício e William Carvalho e começaram a agredir os jogadores. "Battaglia foi rodeado por alguns que lhe atiraram um garrafão de água e o William foi agredido na cabeça com chapadas".
Questionado pela Procuradora Fernanda Matias se se recorda de ameaças dirigidas aos seus colegas, o jogador argentino contou que ouviu que "se não ganhássemos o jogo de domingo logo veríamos o que nos acontecia". Estas palavras foram ditas durante a fuga dos agressores que nesse momento lançaram "uma tocha", recordou Marcus Acuña.
Acuña tentou falar com adeptos antes do ataque
No jogo do domingo anterior à invasão, contra o Marítimo, Acuña relatou que no final foi cumprimentar os adeptos com a equipa, mas foi recebido com insultos. "Só lhes pedi apoio e ajuda, não os insultei, mas fui insultado", defende Marcus Acuña. No aeroporto, lembra-se que uma pessoa queria falar diretamente com ele, mas a segurança impediu e levou o jogador diretamente para o avião. "Só ouvi: na Academia logo falamos". Nesse momento não soube quem era o indivíduo, mas mais tarde, quando viu o vídeo gravado no aeroporto percebeu que seria Fernando Mendes, ex-líder da Juve Leo e tido como um dos autores morais do ataque.
No dia anterior ao ataque, Marcus Acuña esteve reunido com a equipa e a direção do clube. "O presidente falou connosco sobre o que se passou no encontro contra o Marítimo e depois do jogo", disse Marcus Acuña que se lembra duma discussão entre Rui Patrício e William Carvalho, embora não tenha percebido o teor da discussão. "O presidente disse-me que os adeptos lhe perguntaram se sabia onde eu morava e que iam à minha procura", disse o jogador argentino, que assumiu querer falar ele próprio com os adeptos para esclarecer o que aconteceu na Madeira. Ainda assim, Marcus Acuña não ficou convencido de que 24 horas depois seria agredido no balneário da Academia
Jogador admite receio por novo ataque
O jogador argentino relembra ao tribunal o medo que sentiu, e ainda sente, pelas ameaças à sua família e pelas agressões a que foi sujeito na Academia .
"A minha primeira reação foi ligar para casa e mandar a minha mulher, que estava com a minha enteada, para que trancasse a casa e ligar o alarme". Marcus Acuña declara aos juízes que "durante algum tempo andava sempre a olhar pelo ombro". Hoje, em cada jogo que o Sporting nao vence, o atleta acredita que pode suceder novo ataque.